ATA DA SEPTUAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 04.6.1992.
Aos quatro dias do mês de junho do ano de mil novecentos
e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre, em sua Septuagésima Primeira Sessão Ordinária da
Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e
quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos
cópias da Ata da Septuagésima Sessão Ordinária que foi aprovada. À MESA foram
encaminhados: pelo Vereador José Valdir, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº
106/92 (Processo nº 1300/92) e pelo Vereador Nereu D’Ávila, 01 Projeto de Lei
do Legislativo nº 103/92 (Processo nº 1285/92). Do EXPEDIENTE constaram os
Ofícios nºs: 188/92, do Diretor-Superintendente da Fundação Zoobotânica do Rio
grande do Sul e 152/92, do Presidente da Câmara Municipal de Guaíba. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Edi Morelli falou sobre irregularidades
ocorridas no Departamento Municipal de Água e Esgotos no que se refere à
cobranças de água, afirmando que vários contribuintes reclamaram de cobrança de
contas já pagas e o mesmo ocorreu com este Vereador. Sugeriu a desautorização
de cobrança dessas taxas pela Caixa Econômica Estadual, visto a morosidade de
repasse dos recursos para o DMAE. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Isaac Ainhorn
falou sobre a abertura do comércio aos domingos, de quando esta Casa teve a
oportunidade de aprovar o projeto que trata do assunto. Disse, ainda, que na
ocasião foi apresentado Emenda no sentido de que a abertura do comércio aos
domingos ficaria condicionada a acordo ou à convenção coletiva de trabalho. Afirmou
que o Sindicato dos Comerciários propugna pelo fechamento do comércio, até
mesmo, sábado à tarde, tentando, portanto, a revogação da lei. O Vereador
Clóvis Ilgenfritz comentou sobre Projeto Rio Guaíba Vive, dizendo ser hoje, na
ECO-92 no Rio de Janeiro, um dos assunto da pauta para a recuperação da bacia
deste Rio. Falou sobre a importância do trabalho que está sendo feito pelo
Executivo Municipal em defesa do meio ambiente. O Vereador Airto Ferronato
reportou-se sobre a necessidade de colocação de balanças de precisão para que o
consumidor possa Controlar o peso dos produtos embalados. Apelou para que o
Código de Defesa do Consumidor seja cumprida, no que diz respeito a exigência
de seguros em locais onde se ofereça área para estacionamento de terceiros, bem
como, nos condomínios residenciais e comerciais de Porto Alegre. O Vereador
Vicente Dutra protestou o pronunciamento feito pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz
sobre a defesa do meio ambiente pelo Executivo Municipal. Reclamou da extinção
da figueira no Centro da Cidade, local asfaltado hoje pela Administração atual.
Criticou, ainda, a falta de cuidado com praças e áreas verdes, afirmando que a
Lei Orgânica Municipal não está sendo cumprida. Em COMUNICAÇAO DE LÍDER, o
Vereador Adroaldo Correa pronunciou-se acerca do Projeto Rio Guaíba Vive,
dizendo ser um projeto que possui verbas internacionais, conforme contrato
assinado pelo Governador do Estado. Teceu comentários sobre os pronunciamentos
de hoje sobre a conservação da figueira. O Vereador João Dib saudou o
Diretor-Geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos, presente em
Plenário. Teceu comentários sobre a vida da figueira da Praça Parobé, dizendo
ser um símbolo do Rio Grande do Sul a referida árvore. Mostrou fotografia da
figueira desde seu transplante até os dias de hoje. Às quinze horas e vinte e
três minutos foram suspensos os trabalhos, nos termos do artigo 84, II, do
Regimento Interno, sendo os mesmos reabertos às quinze horas e vinte e quatro
minutos. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença dos Senhores
Engenheiros Dieter Wartchow, Diretor-Geral do Departamento Municipal de Água e
Esgotos; Francisco Oliveira, Superintendente do Desenvolvimento; Walter F.
Kaschny, Representante do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura; Joel
Lemmer, Presidente da Associação Técnico-Científico do Departamento de Água e
Esgotos, convidando-os a participarem da Mesa dos trabalhos, e informando que
os mesmos comparecem a esta Casa para esclarecer sobre as obras feitas na
Estação de Tratamento de Águas no Lami, a Requerimento, aprovado, do Vereador
Wilton Araújo. E como extensão da Mesa, compõem: Engenheiro Lúcio Soibermann,
do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, e o Vice-Presidente dessa
Entidade e Engenheira Alpha da Rosa Teixeira, Coordenadora das Atividades -
Obras do Lami, no Projeto Guaíba Vive. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a
palavra ao Senhor Dieter Wartchow que discorreu acerca do assunto em pauta e
respondeu questionamentos dos Vereadores Wilton Araújo, Adroaldo Correa e João
Motta sobre as obras da ETA-Lami. Após, o
Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Lúcio Soibelman, Francisco
Oliveira e Alpha da Rosa Teixeira que falaram sobre o laudo técnico da CIENTEC
para a referida obra. Às quinze horas e quarenta e sete minutos, nada mais
havendo a tratar, o Senhor Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária de amanhã, bem como, convidando-os para a Sessão Solene a ser
realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dilamar
Machado, Airto Ferronato, Clóvis Ilgenfritz e Lauro Hagemann, este nos termos
do artigo 11, parágrafo 3º, do
Regimento Interno e secretariados pelos Vereadores Clóvis Ilgenfritz e Airto
Ferronato, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Clóvis Ilgenfritz, 3º
Secretário, determinei fosse lavrada
a presente Ata que, após lida e aprovada,
será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE: Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão.
Comunicamos aos Srs. Vereadores que às 15 horas virá a esta Casa o Sr. Diretor-Geral do DMAE, a Requerimento do Ver. Wilton Araújo, para falar sobre o ETA-LAMI. E, às 17 horas, haverá uma Sessão Solene destinada a prestar homenagem à República da Itália, por proposição do Ver. Vicente Dutra.
Passamos
à Comunicação de Liderança. Com a palavra, o Ver. Edi Morelli. V. Exª tem 5
minutos, pela Bancada do PTB.
O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em
especial atenção do Líder da Bancada do PT, para a irregularidade que está
acontecendo no DMAE. São inúmeras as denúncias feitas a este Vereador e como
prova aconteceu comigo. Recebi uma conta me cobrando três contas d’água, sendo
que duas estão pagas e a terceira irá vencer no próximo dia 9. Aí, em contato
telefônico com o DMAE, a pessoa que me atendeu me disse que era simples a
solução: era só dirigir-me ao DMAE e solicitar uma conta provando que as outras
duas estão pagas e que em questão de um ou dois minutos eu teria uma nova
conta. Realmente aconteceu. Fui lá hoje, pela manhã, e em questão de dois
minutos deram-me a conta. Mas, perguntei a esta funcionária quem iria me
ressarcir do prejuízo de ter que me deslocar até o DMAE para retirar uma nova
conta se o erro não é meu? A conta está paga. A resposta foi sucinta da
funcionária: “O problema é seu!” E, realmente o problema porque se eu não for
lá retirar uma nova conta, desmembrar a conta que tenho que pagar dia 9, com as
duas que já estão pagas, o problema é meu, porque me cortam a água. Não é Ver.
Clovis? Agora a explicação que me deram do DMAE é que a Caixa Econômica custa a
repassar para o DMAE. Aí que vem uma sugestão, Ver. João Motta, que elimine a
cobrança, que desautoriza a Caixa Econômica a efetuar cobranças do DMAE, porque
não pode o usuário que paga as suas contas receber aviso de corte e ter que
perder tempo e se deslocar até o DMAE para desmembrar de uma conta a ser paga
de outras que já foram pagas. E, a resposta é simples e taxativa: o problema é
seu; claro que o problema é meu. Por que se eu não tiver o trabalho de gastar
gasolina para ir até lá, perder tempo, deixar meus afazeres para ir lá
desmembrar as contas, o problema é meu, porque vão lá cortam a minha água.
Estou
fazendo este pronunciamento da tribuna, porque este tipo de problemas, anteriormente,
eu solucionava com o Diretor do DMAE, agora fica difícil, quando se telefona
para lá e quer falar com alguém da direção do DMAE, não se consegue falar, e
quando se explica a funcionária diz simplesmente: o problema é seu. Realmente o
problema é meu. Fica aqui, Ver. João Motta um apelo em nome das pessoas que
como eu foram prejudicadas, que alguma providência seja tomada através do seu
Partido, do seu governo com o DMAE. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Passamos às
Com
a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
aproveitamos este espaço de comunicações cedido pelo nobre Vereador Cyro
Martini, da nossa Bancada para trazer aqui à discussão assunto que, neste
momento, se constitui um assunto altamente polêmico da nossa Cidade que
rigorosamente não deveria mais encontrar-se no nível e grau de polemização em
que se encontra.
Refiro-me
ao assunto da abertura do comércio aos domingos nesta Cidade. Esta Casa teve
oportunidade, ao final do ano passado, de aprovar Projeto de Lei, mas o
princípio da liberdade do comércio foi dosado com uma Emenda que, no nosso
entender, se constitui numa limitação exatamente ao critério da forma de
liberdade ampla, sem limites, que poderia criar algumas distorções, talvez
inúmeras distorções. Então, na oportunidade apresentamos Emenda no sentido de
que a abertura do comércio aos domingos ficaria condicionada a acordo ou à
convenção coletiva de trabalho. Sustentávamos exatamente a Emenda porque
sabíamos que se colocado apenas no terreno da convenção coletiva do trabalho, o
Projeto de Lei, que se transformaria em lei, se constituiria numa lei inócua em
face da intransigência de uma das partes em sequer admitir conversações em
relação à abertura do comércio aos domingos em qualquer hipótese. Trata-se da
posição que já há muito tempo vem sendo sustentada pelo Sindicato dos
Comerciários. Primeiramente, na conduta histórica deste Sindicato de querer
fechar o comércio aos sábados à tarde e, posteriormente, o fechamento do
comércio aos domingos. Esta Casa o ano passado votou uma legislação retrógrada,
conservadora e atrasada de fechamento do comércio aos domingos, não abrindo
nenhuma hipótese da abertura desse comércio, tendo inclusive, o Sr. Prefeito
Municipal, naquela oportunidade, quando da votação do “domingo não”, no ano de
1990, vetada a Emenda deste Vereador em que excetuava os estabelecimentos
comerciais que operassem sem empregados. Infelizmente, este Veto veio à Casa e
a Casa confirmou o Veto, posteriormente refez esta posição, no ano passado,
quando colocou o mais amplo direito de abertura do comércio aos domingos, aos
estabelecimentos sem empregados, de forma incondicionada, enquanto condicionava
a abertura do comércio aos domingos, nas empresas com empregados, a acordos ou
convenções. Em relação aos estabelecimentos sem empregados e houve uma
contribuição de outros Vereadores nesse sentido e se consagrou, novamente, que
aquelas sem empregados não estavam condicionadas a nenhum acordo e as com
empregados estavam condicionadas a acordos ou convenções coletivas. Agora,
quando através de acordos em que o Sindicato dos Comerciários se negou
homologá-los o comércio pretende abrir as suas portas nesses domingos e a
relação tem sido muito grande e o assunto volta às páginas dos jornais, volta
aos meios de comunicação e até, pasmem V. Exª, numa tentativa de revogação da
lei aprovada ao final do ano passado que mesmo sem qualquer experiência prática
da sua executabilidade já se fala na sua revogação. Quando apresentamos a
Emenda condicionando a abertura do comércio a acordo ou convenção, nós tínhamos
plena consciência. Aliás o Projeto original nosso falava tão-somente em
convenção coletiva do trabalho, mas no Substitutivo nós alteramos esta posição
exatamente pela consciência que tínhamos de que, se não constasse a palavra
acordo seria totalmente inócua a lei que estabelecia a abertura do comércio aos
domingos, porque em nenhuma hipótese o Sindicato dos Comerciários admitiria a
convenção. Eu mesmo em conversas, em diálogos estabelecidos com os comerciários
perguntei por que não apresentavam ao Sindicato patronal uma proposta. Muito
bem, Sindicato dos Comerciários aceita uma proposta de trabalho aos domingos,
sei que se usa os trabalhadores que trabalharam de segunda a sábado, que se
abra mercado de trabalho, exatamente para estes que se encontram desempregados,
criando a figura do empregado-domingueiro, legal do ponto-de-vista do Direito
do Trabalho, está plenamente estabelecida na lei. No entanto, ao não admitir
esta hipótese, arredaram por completa esta hipótese de qualquer tentativa de
negociação em relação à abertura do comércio aos domingos.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Isaac Ainhorn, V. Exª, eminente jurista, está dando hoje
razão para este pobre engenheiro-Vereador, que sempre defendeu a tese de que a
Casa não deveria fazer lei proibindo o comércio aos domingos, e nem permitindo
bastava que se cumprisse o Decreto do Presidente da República, e nós não
teríamos nenhum problema. Não teríamos sido agredidos publicamente por pessoas
irresponsáveis, mas como nós estamos no Brasil é possível agredir e ficar tudo
por isso mesmo. Veja V. Exª que era muito mais simples cumprir o Decreto do
Presidente da República que fala em acordo ou convenção de trabalho, não
precisava mais do que apreciar os acontecimentos, não precisávamos fazer como a
Secretaria dos Comerciários agora que está trabalhando contra a população de
Porto Alegre, a Secretaria dos Comerciários, não de Indústrias e Comércio. A
Secretaria dos Comerciários já está com nota paga, aliás a Administração da
Prefeitura tem muito dinheiro para fazer nota, já fez uma aí em vários jornais
para dizer que vai fazer cumprir a Lei. Mas que Lei?
O SR. ISAAC AINHORN: Ver. João Dib, na realidade, trazer esse
princípio para a legislação municipal é dirimir um conflito de competências
muito sério, porque havia uma discussão se o Decreto estaria acima de uma Lei
Municipal que estabeleceu o fechamento do Comércio aos domingos. Então, mesmo
se revogasse a Lei haveria uma discussão sobre se um decreto poderia
estabelecer este tipo de norma. Hoje não há qualquer dúvida e vejam V. Exas
que o próprio Sindicato dos Comerciários tentou em juízo argüir a
inconstitucionalidade da Lei Municipal e não conseguiu. Porto Alegre está
dotada de uma das leis mais avançadas do ponto de vista da Cidade em relação à
abertura do comércio aos domingos. Basta cumpri-la na sua plenitude. Há acordo
entre empregado e empregador. Não há vício de vontade entre as partes que
pactuam, ele é válido na sua plenitude. Agora, aquele que descumpre ou
constrange uma pessoa a assinar algo sob ameaça está realizando coação e
suscetível das penas da Lei.
Encerro,
Sr. Presidente, dizendo que a abertura do comércio aos domingos é um fato
inarredável na cidade de Porto Alegre e o tempo e a experiência vão mostrar se
a Lei é boa ou não. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra está com o Ver. Clovis
Ilgenfritz, por 10 minutos.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
distintos presentes em nosso Plenário, representantes do DMAE, a nossa
observação rápida é apenas para afirmar o quanto tem sido importante o trabalho
que está sendo feito pela atual Administração, que foi pioneiro e que já criou
condições inclusive de se expandir para a área do Governo Estadual em função da
defesa do meio-ambiente, em especial o trabalho feito no chamado Projeto Guaíba
Vive da atual Administração. Projeto este que foi considerado na análise dos
projetos que tramitam e que estão sendo
conhecidos na Eco-92 no Rio de Janeiro com a presença de entidades de governos,
de entidades não-governamentais, de entidades técnicas de todo o mundo, como um
dos principais projetos que está sendo desenvolvido no Brasil hoje. E, por
decorrência, também a visão que foi assumida pelo governo do Estado, ainda no
período do Governador Pedro Simon e continua sendo colocada em prática pelo
atual governador Alceu Collares, que é a recuperação de toda a bacia do Guaíba.
É importante que se faça isso para cuidar da água do Guaíba e de todos os
mananciais que vem desembocar ali. Mas é muito importante, também, que se tenha
uma visão a médio e longo prazo de tratar das causas que nos levam a ter que
desenvolver esse intenso trabalho de recuperação. Porque a nossa sistemática, a
nossa cultura, eu diria assim, brasileira, com relação a quase todos os
problemas e principalmente à questão espacial, à questão física, à questão do
ambiente é de estar sempre tentando corrigir erros que foram cometidos. E não
existem políticas preventivas, políticas capazes de estancar as causas dos
problemas que hoje estão aí a nos desafiar, fazendo gastarmos milhões de
dólares que poderiam ser aplicados em outros investimentos para o povo
brasileiro e, em especial, para a nossa Cidade.
Então,
eu gostaria de aproveitar este momento, como Vereador, para dizer da nossa
intenção de criar condições para que exista uma legislação possível de ser
adotada e cumprida por todos os setores que hoje estão principalmente
trabalhando na área da indústria. Vemos no mundo mais desenvolvido,
principalmente na Europa, que as legislações existentes são bastante severas,
são minuciosas e há um cuidado especial com o meio ambiente. Enquanto isso,
aqui, estamos vendo dia a dia piorar esta situação. Inclusive, através do marketing
político, através da eletrônica, algumas grandes empresas conseguem passar para
a sociedade que aquela atividade que eles estão realizando não terá nenhuma
conseqüência malévola para o ambiente, como é o caso atual da Riocell. Não
temos nada contra o aumento de pessoal, aumento da produção, aumento de emprego
que uma grande empresa como a Riocell pode trazer para o Rio Grande do Sul e
para Porto Alegre. Mas temos que ter a certeza de que existem meios técnicos,
científicos, meios tecnológicos para preservar o ambiente natural, capazes de
garantir que, de fato, não haverá poluição, não só do ar, como da água, pelo
lixo que é lançado permanentemente no nosso Guaíba.
A
defesa do maio ambiente é, hoje, o tema mundial, é hoje o tema que envolve o
nosso País, traz ao Rio de Janeiro mais de cem chefes de estados, leva ao Rio
de Janeiro companheiros Prefeitos. Todos os Prefeitos do nosso Partido,
inclusive o Prefeito de Porto Alegre, participaram, no dia de ontem, do Fórum
92 justamente para colocar uma posição para o nosso País e para o resto do
mundo, do tipo de política, do tipo de preocupação, do enfrentamento que nós
estamos tendo, da visão que nós temos com relação a esses aspectos. Porque se nós
não tivermos políticas preventivas, se nós não tivermos legislações capazes de
serem colocadas em prática e cumpridas, de nada vai adiantar o chamado
desenvolvimento, que é tão alardeado e que neste século teve um momento em que
tudo era possível em função do tal “desenvolvimento” - entre aspas. E hoje,
felizmente, no fim do século, a humanidade, o nosso povo, os governos, estão se
preocupando com a tecnologia que tem sido usada, com o sistema econômico e com
a visão de desenvolvimento que nós contestamos e colocamos em dúvida. Se
desenvolvimento é o que está acontecendo hoje no nosso País por exemplo, a
partir da era da industrialização, em 1950, que em função do automóvel, da
máquina individual, fez transformar todas as cidades, gastando quase sempre a
maior parte do orçamento na transformação viária das cidades para cumprir
determinação de um processo de “desenvolvimento” que é tão alardeado e
decantado, que foi criado e transformou em um homem “progressista” o Sr.
Juscelino Kubitschek. Nós nunca tivemos dúvida, porque participamos em muitos
seminários, em muitas discussões, desde os bancos escolares, como arquiteto,
como urbanista, de que não era essa a melhor matriz para o desenvolvimento
brasileiro. No entanto, é ela que continua dominando e ela existe em função de
um produto energético, ela só existirá enquanto existir o petróleo e o petróleo
tem sido um problema para o mundo. E assim por diante. Então, aproveitando este
espaço que o Ver. Giovani Gregol nos cedeu, nós queríamos deixar a nossa preocupação
e ao mesmo tempo a nossa esperança de que a ECO-92, essa discussão mundial que
se realiza no Rio de Janeiro, deixe para nós no mínimo um passo adiante na
consciência de cada um, não só das pessoas comuns do povo, mas principalmente
dos industriais, dos governantes, daqueles que fazem e de certa forma comandam
o chamado desenvolvimento do nosso País. O acordo da biodiversidade, assinado
hoje pelo Brasil e pelos Países do bloco europeu, é um passo importantíssimo
mas deixa-nos uma preocupação porque vemos que o país mais comprometido com
esse processo de desenvolvimento no mundo, hoje, que é os Estados Unidos, se
nega a assinar. Deixamos aqui os nossos cumprimentos ao Sr. Prefeito Municipal
de Porto Alegre pelo trabalho que realizou, está realizando na defesa do meio
ambiente e a mensagem que ficou gravada na ECO 92 e que começou, modestamente,
nesta Administração. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito que o Ver. Clovis Ilgenfritz
assuma a Presidência dos trabalhos, para que eu possa usar a tribuna.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A palavra, com o Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras
e Senhores presentes. A Câmara aprovou em meados de 1991, um projeto que
apresentei também naquele ano e que obriga estabelecimentos comerciais a
colocarem balanças de precisão para que o consumidor possa conferir o peso do
produto colocado à venda. Em seguida que apresentei esse projeto, enviei cópia,
a pedido, para um Vereador de São Paulo e em Curitiba surgiu proposta
exatamente igual, foi aprovada e está em pleno funcionamento. Em Porto Alegre,
faz bastante tempo que esta Lei foi aprovada e ainda não vi nenhuma exigência
por parte do Executivo e da Secretaria Municipal envolvida no assunto.
Portanto, aqui está o nosso apelo para que se coloque em prática essa proposta
porque o Código de Defesa do Consumidor, uma lei federal, diz que é crime
colocar à venda produtos em quantidade e peso inferior àquele pré-definido no
próprio produto, na embalagem ou no seu rótulo. Esta Projeto tem por função o
sentido de dar o instrumento prático e lógico para que o artigo 19 do Código de
defesa do consumidor possa ser implementado. E tenho dito e argumentei, naquele
momento, que a população deveria ser fiscal dos seus próprios interesses. E uma
vez implementado em Porto Alegre, este sistema foi o primeiro aprovado no País,
e em outros estados já está em funcionamento e aqui ainda não. Nós temos um
instrumento eficiente de controle até por parte do comerciante, no sentido de
verificar se o produto que ele está oferecendo, tem peso correto. É uma
garantia também para o comerciante, portanto. Neste primeiro espaço, gostaria
de colocar isso e pedir mais uma vez que se passe a exigir esse procedimento
que é importante para a Cidade. Por outro lado, apresentei uma proposta em
abril - falo pela primeira vez a cerca do tema - que diz respeito
especificamente às pessoas ostomizadas, que poderão entrar pela porta dianteira
dos ônibus. Ostomizado, é toda pessoa que, em decorrência de procedimento
cirúrgico, está obrigado a uso de bolsa coletora de fezes e urina. E nós
sabemos, até por ligações próximas com pessoas ostomizadas, das dificuldades
que eles encontram e dos receios que eles têm sentido de passar por entre pessoas
ou até pela roleta. E o perigo que tem desta passagem romper ou até retirar a
bolsa e isto trazer sérios transtornos a estas pessoas, que têm que estar
permanente em consultas médicas e por isso usam bastante os ônibus da Cidade. É
uma proposta bastante simples, mas acredito que tem um cunho social, e humano
importante. Peço a atenção especial de todos os nossos colegas Vereadores.
Por
outro lado, foi aprovado pela Câmara Municipal de Porto Alegre uma proposta do
Ver. Luiz Machado, que trata da exigência de seguros em locais onde se ofereça
área para estacionamento de terceiros. E no art. 5º da lei, obriga também a
implantação da exigência de seguros nos condomínios residenciais e comerciais
de Porto Alegre.
A
partir do momento em que li a lei aprovada, e eu não estava em Porto Alegre,
quando da votação desta lei. Fiz a seguinte análise, até porque não conheço
nada sobre seguros. Mas. Moro num apartamento alugado, e tenho garagem para
estacionamento de veículo. E pela lei estaria sendo exigido que aquele condomínio
pagasse o seguro por ter ali carros estacionados. Tenho estacionado, pago
seguro e tenho seguro geral sobre o meu carro. Então, na verdade se o
condomínio pagar seguro, estaria pagando a mais o condomínio, que já é
extremamente caro, e um pagamento sem nenhum reflexo, pois já tenho seguro. Por
que pagar a mais? Além do problema que daria se tenho veículo e o meu vizinho
não tem.
Em
razão disto apresentei uma proposta eliminando este artigo. E gostaria de dizer
que pelas informações que colhi a respeito eliminando-se, ou melhor,
aprovando-se este Projeto de lei, que altera uma lei aprovada por nós,
estaríamos beneficiando em torno de 200 mil pessoas que residem em edifícios,
apartamentos, ou até os edifícios prestadores de serviços.
Portanto,
estou pedindo uma atenção especial dos nobres colegas em relação a este projeto
que apresentamos dia 24 de abril. Comunico que estou pedindo urgência a partir
do momento em que entre na primeira Pauta, porque precisamos dela para obter a
urgência.
Falo
pela segunda vez num projeto que estou apresentando, que altera o Código
Tributário do Município de Porto Alegre. Este projeto tem 16 páginas e tenho a
pretensão de dizer que é um estudo bastante aprofundado a respeito do sistema
tributário do Município. Sou fiscal de tributos e tenho o dever de estudar essa
matéria. E quando nós, dentro de uma série de outras propostas - eu quero fazer
um registro - concedemos a isenção para o IPTU, o nosso contribuinte recebeu,
em Casa, um carnê com o IPTU e a taxa de lixo no mesmo carnê e isso é da lei e
a lei dizia que para obter o benefício do IPTU ele deve entrar com requerimento
e isso os nossos inativos fizeram, entraram com um requerimento, só que não
puderam, naquele momento, pagar a taxa de lixo, porque pela lei de hoje - e a
orientação do Executivo estava certa - o Executivo não podia cobrar só a taxa
de lixo naquele momento, pois havia a existência de uma lei que dizia que paga
de uma só vez. Apresentei, no início do ano, uma proposta que dizia: “ao
contribuinte isento do IPTU e que dependa do deferimento do requerimento para
alcançar o benefício, fica assegurado o direito de recolher o valor da taxa de
coleta de lixo em uma única parcela nos prazos e com descontos previstos na
lei, independentemente de ter recebido novo carnê. O pagamento da taxa nas
condições estabelecidas acima, depende de autorização expressa da Fazenda
mediante a posição de carimbo e visto no próprio carnê!” E quando nós estávamos
discutindo o IPTU, registre-se com uma reunião da Mesa e da Liderança, praticamente
todos se opuseram a este tipo de proposta, porque a entendiam não correta, e eu
volto a registrar, eu asseguro que tenho firme convicção de que estou certo. Se
nós damos um benefício da isenção do IPTU, nós temos por dever, fazer com que o
inativo, ou qualquer pessoa beneficiada, possa pagar nos prazos e com os
benefícios da Lei em vigor e os prazos é 31 de janeiro e o benefício é 20%.
Então, temos que pensar num mecanismo que autorize a pessoa a pagar a taxa no
momento e com os mesmo prazos do IPTU.
Então,
com relação ao IPTU, nós voltaremos a falar em outra oportunidade, como já
disse, são 16 páginas de propostas, apenas para constar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Leão de Medeiros
que cede o seu tempo ao Ver. Vicente Dutra. V. Exª tem 10 minutos.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há pouco
esteve na tribuna essa figura muito querida para mim, o Vereador que preside a
Sessão, o Ver. Clovis Ilgenfritz, um dos homens mais dignos que já passou por
esta Casa, por suas atitudes firmes. E que, realmente, toda vez que contexto
aquilo que diz o Ver. Clovis Ilgenfritz faço num dever, em busca da defesa de
alguns aspectos que entendo da maior importância para Porto Alegre. O Ver. Clovis
Ilgenfritz vem à tribuna e afirma que a Administração Popular faz, através de
seus atos, a defesa do meio ambiente. Eu não concordo. E os últimos atos da
Administração do Município de Porto Alegre exatamente atestam o contrário.
Vejamos, ali na Praça Parobé, bem na ponta da Júlio de Castilhos existia o
recanto da figueira, um recanto verde conquistado a um monte de lixo. Era um
local de manipulação de lixo. E quando eu fui diretor do DMLU a pedido dos
permissionários, a pedido dos comerciantes, a pedido da população, terminamos
com aquele canto de lixo e fizemos ali uma área verde, Ver. José Valdir.
Beleza! Recanto da Figueira, foi dado o nome. Essa figueira eu pessoalmente a
cassei no bom sentido, era uma figueira que crescia em cima do cinamomo, era uma
figueira fadada a morrer, porque a figueira de Cinamomo ela não tem como
expandir numa calçada. E ali com os técnicos da SMAM escolhemos, fizemos o
buraco no mesmo dia para que ninguém caísse e plantamos essa figueira, no dia
25.11.85. Na ocasião eu bolei uma frase que até hoje consta na pedra, não sei
se essa pedra ainda está lá. “Nesse Recanto Verde, como acreditamos no futuro,
como temos fé no futuro nós plantamos uma figueira.” A frase não precisa ser
explicada, a figueira é uma árvore de desenvolvimento lento, mas como nós temos
fé nesse futuro, nós acreditamos na figueira e acreditamos no futuro plantando
a figueira. A Administração do Município de Porto Alegre, primeiro recoloca ali
os ambulantes e não contente em terminar com aquela área verde, contrariando a
Lei Orgânica, que diz que as áreas verdes devem ter proteção especial, nem
precisava constar na Lei Orgânica; a administração para dar a solução final,
ela simplesmente pega e derrama asfalto quente encima da raiz da figueira. Deu
o troco; tudo asfaltado deixaram, não podiam cortar, pois então haveria um
clamor popular. É evidente que a figueira deve ter lutado muito, finalmente, as
forças se esvaíram e secou. E hoje está como coloquei no parecer, com os seus
galhos secos apontados para o céu, num clamor de misericórdia; símbolo da
tristeza, isto que a Administração produz, ao invés de restabelecer aquela
praça, de fazer uma cerquinha que eu havia colocado ali com correntes, pois
tiraram a corrente, botam asfalto em cima, acabam com o verde. É essa a
Administração protetora do verde. Mas, não estão contentes com isso, lá na
Vasco da Gama, senão me engano nº 265, bem próximo àquele viaduto na Ramiro
Barcelos, está tramitando nesta Câmara, um Projeto de Lei propondo a venda de
uma Praça. Ora, por muito menos eu vi um cidadão perder a governança do Paraná,
que também queria vender uma praça. Pois, aqui na Casa também tramita um
Projeto de Lei, que quer simplesmente vender uma Praça, só que não diz o
Projeto de Lei que é uma praça. Mas, só que atentos, o Ver. Isaac Ainhorn que é
dali da região, não sabia bem se era uma praça ou não, fomos lá, inclusive
acompanhando o Líder do PT, no meu carro. Chegamos lá era uma praça com árvores
adultas, um pé de jamelão, que é uma árvore, que cede as suas sementes e folhas
para os diabéticos; os diabéticos sabem da propriedade terapêutica da insulina
verde que é o jamelão, e outras espécies adultas; banco de praça; gente sentada
na praça suja, que dizer a administração não limpa, mas é uma praça. Fui olhar
o Parecer do Ver. João Motta que era favorável à venda da área para construir
mais asfalto, mais concreto para combinar com o viaduto; o viaduto era pouco,
então tinham que colocar um pouco mais de concreto ali. Examinando o processo
administrativo, é uma barbaridade a Presidente da CAIE, arquiteta, senão me
engano o nome dela é Iara, faz menção à SMAM. Eu chamo a atenção da SMAM que
esta é uma área verde, é uma praça - ali no processo - a SMAM recebe e diz:
consultar a Secretaria do Planejamento.
O
Planejamento devolve à SMAM e diz que não consta a tal praça nos seus
cadastros. Pronto, condenada à morte a área porque não consta no cadastro - é
como se a Drª Alpha fosse no cartório e não encontrasse a sua certidão de
nascimento, alguém poderia chegar e matar a Drª Alpha. É exatamente isto aí -
só que a Drª Alpha vai ter a proteção, inclusive minha e a pobre da praça
estava lá e se não tivesse tido atenção aqui, seria morta simplesmente, por um
ato insano da Administração de Porto Alegre.
Mas
não para aí, Ver. João Dib, V. Exª trouxe à tribuna a sandice da Administração,
de retirar uma parte da árvore, sesquicentenário, ali ao lado do Palácio do
Comércio, Ver. Adroaldo Corrêa, que me olha com o semblante horrorizado pelas
coisas que estou contando, talvez V. Exª não conheça com profundidade, ali há
mais umas cinco ou seis árvores semi adultas que serão retiradas para colocação
de um ponto de ônibus. E me diz o Ver. Dib que é um técnico de respeito nesta
área que...
O Sr. João Dib: Que é uma burrice técnica.
O SR. VICENTE DUTRA: Eu não tenho esta coragem do Ver. João
Dib de dizer estas palavras. Mas, no mínimo, é um equívoco técnico da
Administração em fazer ingresso e parada de ônibus numa área de mais ou menos
30m. Não precisa ser técnico para saber que aquilo lá não vai funcionar. E
árvore plantada não se mexe mais. É uma conquista da Cidade.
Então,
que Administração é esta Ver. João Dib - e aí vai a minha insurgência contra as
colocações do meu querido amigo, Ver. Clovis Ilgenfritz, quando diz que a
Administração tem preocupação com a população.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu me emocionei com a
retirada de árvores de praças da Cidade, quando os ecologistas pedem que
respeitem as mesmas. Eu fui irreverente e peço perdão a V. Exª.
O SR. VICENTE DUTRA: Eu nem vou ler a Lei Orgânica. Mas tem
aqui cinco artigos que protegem as árvores, as praças e as áreas verdes de
Porto Alegre, inclusive está à venda. A estas alturas eu estou chegando a
conclusão de que eles não sabem ler. (Lê art. da Lei Orgânica.)
Por
serem inalienáveis não podem ser mexidas. Pois a Administração desconhece a
Lei, passando por cima da Lei, agredindo a Lei Maior do Município e outras
tantas, como a Lei Complementar nº 51, de minha autoria, que diz quando houver
a necessidade de abater uma árvore, de mexer numa árvore, deve-se consultar a
comunidade. A comunidade foi consultada, a comunidade da Vasco da Gama, para se
saber se concordava em retirar a praça? Ao contrário, a Presidente da CAE
informa, em sua promoção, de que consultou os moradores do edifício ao lado, e
o condomínio disse ter interesse em manter a área. Triste Porto Alegre. Isso
tudo ocorre no momento em que o Brasil recebe líderes, cento e trinta
lideranças, de todos os países, que aqui vêm debater o destino da humanidade, o
respeito ao meio ambiente. Exatamente no momento em que a Administração deveria
refrear essa compulsão em acabar com áreas verdes. Nesse momento, a
Administração vai lá, mais uma vez, e agride o meio ambiente, tirando uma área
importante da Cidade, do centro afunilado, em que cada árvore daquele centro
deveria ser exaltada e alimentada com adubo orgânico e não ser retirada para
colocarem máquinas infernais que só vão trazer mais prejuízos ao centro. Muito
obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Adroaldo Corrêa,
pela Liderança do PT.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e demais
presentes a esta Sessão, fiz um pronunciamento na oportunidade em que esta
Câmara votou a licença do Prefeito para ir ao Fórum Global, no Rio, em que o
PDS foi contrário, afirmando que no Fórum a experiência de seis cidades do
mundo - Porto Alegre uma da América Latina, seria exposta ao mundo inteiro,
experiência em relação ao Projeto “Guaíba Vive”, que é o único Projeto do Pró-Guaíba
que tem verbas internacionais, conforme contrato assinado no dia de ontem entre
o Governador Alceu Collares e as autoridades do Banco Mundial. Foi por isso que
o PDS, o Ver. João Dib, não queriam que o Prefeito fosse.
(Aparte
anti-regimental do Ver. João Dib.)
Já pela segunda vez conto esta história e V. Exª não presta atenção, portanto, ficará, pela segunda vez, sem saber. A segunda questão, Ver. João Dib, é que eu não sei se V. Exª ou se o Ver. Vicente Dutra são responsáveis pelo plantio da Figueira da Praça Parobé. Ambos reivindicam o plantio, então, são os dois, não é nem um de cada vez que sobe aqui e diz que é o autor, são ambos, como a frase que o Ver. Vicente Dutra diz que está na pedra, que lá está, registrado: nós, disse o Vereador aqui. Mas um diz que é um e é eu a expressão e o outro diz que é o outro e é eu a expressão porque é o singular da primeira pessoa do singular, mas o plural de que administrava a Cidade naquela época.
O
Ver. Vicente Dutra vem aqui e confunde os gestos do guarda da esquina com o
chefe da guarda como se toda a responsabilidade pelo asfalto da Cidade jogado
em cima de uma árvore, eventualmente como foi aquela, fosse responsabilidade do
Prefeito no momento.
O
General Geisel, em 1977, demitiu o Comandante do Segundo Exército General
D’Ávila Mello por ser responsável pelo assassinato de Wladimir Herzog. Ninguém
até hoje julgou o General D’Ávila Mello como o torturador que matou Wladimir
Herzog, nem Manoel Fiel Filho, no entanto o asfalto quente na Praça Parobé é
culpa, arvoressídio, de Olívio Dutra, conforme o Ver. João Dib diz sistemática
e continuamente desta tribuna, conforme o Ver. Vicente Dutra diz desta tribuna
hoje, imitando o seu Líder. É um crime ter feito o que se fez com um ser vivo,
alguém disse: defendo até um pé-de-couve, mas nós somos um ser vivo e o
Presidente eleito pelo PDS entre outros que se equivocaram na eleição passada
pode ser responsabilizado nesta ECO-92 como quem mais assassina seres vivos no
Brasil pela política de desemprego, pela política inflacionária, pela política
de recessão na economia do Brasil e no entanto quem enxerga a figueira não
enxerga a floresta...
Potentes
lentes microscópicas sobre a árvore e se esquecem da floresta, uma floresta que
pode-se dizer em chamas, como a Amazônica ou do Brasil inteiro povoado de
meninas e meninos de rua que a título de pagamento de dívidas externas se
desviam verbas para os países centrais, industrializados, sugando o potencial
econômico deste País que poderia estar muito além do primeiro mundo porque poderia
também não ser racista como é os Estados Unidos ou como pretendem continuar
sendo os europeus em relação aos imigrantes e poderia estar num desenvolvimento
acelerado, auto-sustentado, equilibrado e com alguns prejuízos sim, em relação
ao seu ecossistema mas não o determinado por Itaipú que V. Exª não chiou nem
tugiu à época em que foi construído e que até hoje tem recursos minimamente
utilizados pelo Brasil e jamais, talvez neste século, serão utilizados pelo
Paraguai. Feito com o dinheiro da Previdência Social que está aí. Hoje, alguns
se insurgindo contra os desvios da verba, mas na época os generais botando no
bolso o dinheiro dos trabalhadores para construir com empréstimos
internacionais aquilo que ainda hoje é suicídio que se poderia dizer, o homicídio
de um ecossistema se fosse esse o termo. Ou, como diria aqui, o Vereador que
substituo, um ecocídio. Mas o Vereador enxerga a árvore e não enxerga a
floresta. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
bem-vindos os Diretores do DMAE, seus assessores, brilhantes, sem dúvida
nenhuma, e escusas peço por estar nesta tribuna fazendo com que esta gente boa
do DMAE, a quem até já encaminhei uma solicitação, esteja esperando para ouvir
coisas que não têm nem necessidade de ser ouvida, mas algumas que precisam ser
esclarecidas. Nunca, jamais, o Ver. João Dib veio a esta tribuna e disse que
plantou uma figueira. Nunca, jamais, o Ver. João Dib veio a tribuna e disse que
plantou a figueira. Nunca, jamais, foi fazer os seus comentários na Rádio e na
televisão dizendo que plantou a figueira. Sempre colocou primeiro o nome do
Ver. Vicente Dutra, do ex-Vereador Carlos Rafael dos Santos, e eles e João Dib,
plantaram uma figueira, e aqui está a foto do plantio da figueira com um
centímetro e meio, talvez com dois de diâmetro e realmente dizendo, neste
recanto verde, no dia 20.11.1985, foi plantada uma figueira como símbolo da
nossa crença no futuro. A crença no futuro está inclusive na placa registrando
o nome do Prefeito na época João Antônio Dib, do Ver. Luiz Vicente Dutra, na
época Diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana, e que escolheu a
árvore para ser plantada e do Secretário do Meio Ambiente, ex-Vereador Carlos
Rafael dos Santos, e também está o nome do Presidente da Federasul que foi quem
pagou o custo das obras ali realizadas que era um depósito de lixo e foi
transformado num recanto verde muito bonito. É claro que a figueira é a
árvore-símbolo do Rio Grande do Sul, é claro que a figueira foi a primeira
árvores nesta Cidade declarada por leis, porque elas estavam se extinguindo e o
Prefeito Villela não aceitava isto, então, por lei não se corta mais figueira.
E porque nós acreditamos no futuro, teríamos até razão de duvidar desta
Administração que aí está. Mas Brasília é maior que a Administração, Porto
Alegre é muito maior que a Administração incompetente que aí está. A
Administração aqui em Porto Alegre, nobre Ver. Adroaldo Corrêa, aqui neste
Plenário eu alertei aí sim.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, eu até
tenho presentes as motivações do Ver. João Dib de nessa tribuna usar dois nomes
que não são o nome que tenho, de Vereador, dado a esta Casa. Mas o Vereador,
para cumprir o Regimento, não pode fazer o que fez neste momento. Muito
obrigado.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não há
Regimento Interno que impeça que eu tenha carinho pelo Ver. Bauer Corrêa e pelo
Ver. Constantino Mota. O carinho há de ser o mesmo sempre. Mas, de qualquer
forma, esta administração é muito menor do que Porto Alegre, como todas as
outras administrações foram menores do que Porto Alegre. Porto Alegre é que é
maior. Mas quando desta tribuna eu avisava que lá, na Praça Parobé, estava plantado
o símbolo da nossa crença no futuro, e avisava aqui para os órgãos responsáveis
da administração da Prefeitura, da estranha administração da Prefeitura: Olha a
figueira! E, para não ter dúvidas, eu fui lá e tirei uma foto da figueira. Seis
anos depois, ela tem mais de seis metros de altura, forte, rija e crescendo
bem. E ali está o João Dib, com um metro e oitenta, embaixo da figueira que tem
mais de seis metros de altura. Seis meses depois, as inteligências monumentais
que dizem que não se corta um pé de couve - está escrito em todos os jornais da
Cidade - que é um crime cortar um pé de couve - não sei o que é que eles comem
lá, mas em todo o caso... - conseguiram asfaltar a raiz. Só não demoliram essa,
que também ajudei a transplantar em 1963, porque não passaram por lá. Agora,
disse e volto a dizer, agora como engenheiro civil que teve alguma noção de
engenharia de tráfego e que foi secretário de transportes duas vezes nesta
Cidade: que burrice estão fazendo ao estabelecer um terminal de ônibus, tirando
um pedaço de praça! Os pretensos ecologistas daqui não falaram até agora na
retirada daquele pedaço de praça. Mas agora vai falar o técnico de trânsito e
transportes para dizer que burrice, Sr. Presidente, a administração que V. Exª
honrou com sua presença vai cometer em matéria de congestionamento de trânsito,
que já sei até o nome: congestionamento do embaixador. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos a fazer parte da Mesa o
Diretor-Geral do DMAE, Engº Dieter Wartchow; a Engª Alpha da Rosa Teixeira,
Coordenadora das Atividades - Obras LAMI, do DMAE, no Projeto Guaíba Vive;
também o Engº Francisco Oliveira, Superintendente de Desenvolvimento do DMAE.
O SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, também foram convidados a
participar desta tarde de hoje, para satisfação nossa, o responsável pela
empresa que construiu, Sr. Kaschny que acredito esteja entre nós e gostaria que
ele também fizesse parte da Mesa. Também foram convidados representantes do
CREA e da Associação dos Moradores do LAMI, que não sei se estão presentes.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Wilton, vamos atender sua Questão de
Ordem e queremos nos penitenciar porque estamos aqui improvisadamente
presidindo os trabalhos, convidando as pessoas que foram indicadas por V. Exª
para que façam parte da Mesa.
O SR. WILTON ARAÚJO: Gostaria também, Sr. Presidente, que
abandonássemos, um pouco, as formalidades para o melhor andamento dos trabalhos
e convidar para que os técnicos que estão presentes possam adentrar o Plenário
e, assim, possamos alcançar mais facilmente o objetivo da Casa que é esclarecer
os fatos.
O SR. PRESIDENTE: Muito bem, Ver. Wilton, o Plenário está
aberto e os técnicos presentes, representantes do CREA, da Empresa Construtora,
da Associação do Lami podem ocupar as cadeiras disponíveis no Plenário.
Iniciamos
os trabalhos, enquanto as pessoas estão se acomodando. Vamos pedir ao Ver.
Wilton Araújo que faça o primeiro pronunciamento de uma forma sucinta do porque
do convite ao Diretor do DMAE e dos seus assessores para esta reunião.
E
posteriormente nós vamos passar a palavra ao Diretor para fazer a exposição
inicial e ficará em aberto para os Srs. Vereadores e demais participantes,
questionamentos dos quais poderão participar, também, na medida em que o
Diretor entender necessário, que estão presentes aqui acompanhando conforme já
foi dito.
Com
a palavra, o Ver. Wilton Araújo.
O SR. WILTON ARAÚJO: O fato é que há alguns dias nós havíamos
denunciado da tribuna ou alertado, que a Estação de tratamento de água do Lami
estava sofrendo uma inclinação, pelo menos em duas colunas de concreto que
servem de apoio para uma calha. Tivemos acesso a um xerox de um documento
interno do DMAE, fomos ao local, fizemos levantamento fotográfico e realmente
comprovamos que existia esta inclinação nessas duas colunas e mais rachaduras
também no prédio do ETA, então isto nos preocupou bastante, e nós fizemos o
convite. E hoje o objetivo maior é que possamos esclarecer definitivamente ou
pelo menos encaminhar essa discussão, para que o Povo de Porto Alegre possa ver
este patrimônio do povo ser restabelecido, já que os custos me parecem elevados
neste período.
Então
é neste sentido Sr. Presidente e nossos convidados que nós gostaríamos de
iniciar esta discussão. Passamos a palavra ao Diretor-Engenheiro Dieter
Wartchow.
O SR. DIETER WARTCHOW: Ver. Clovis Ilgenfritz, Ver. Wilton
Araújo, demais Vereadores da Bancada, trabalhadores, Ver. Lauro Hagemann, Srs.
Vereadores, representantes das Associações, colegas de trabalhos, Senhoras e
Senhores. É importante que aproveitemos esta oportunidade para esclarecer uma
série de denúncias que vêm sendo levadas a público nos últimos dias,
objetivando e questionando um conjunto de obras que a Administração Popular, o
DMAE, o “Guaíba Vive” integrado a Secretaria do Planejamento está executando na
Balneário do Lami, Zona Sul de Porto alegre.
É
importante frisar que a Administração Popular naquele conjunto de obras não
está inventando nada, criando nada, estamos, isto sim, recuperando o que estava
previsto no Plano Diretor de Abastecimento de Água, ou seja, construindo obras
que deixaram de ser construídas nos anos anteriores, obras previstas no Plano
Diretor de Abastecimento de Água em Porto Alegre, numa primeira etapa uma
estação de tratamento de água compacta para abastecer a população residente na
Unidade Setorial do Lami, para então, após o crescimento daquela área se buscar
numa segunda etapa o abastecimento de água à população excedente, através da
Estação Belém Novo que deveria ser ampliada e obras complementares deveriam ser
construídas.
Nós,
da Administração, não criamos nada, não inventamos nada, estamos implementando
um conjunto de obras há bastante tempo esperadas pela população do Lami. E
inovando no sentido de buscar uma proposta que mantenha e resguarde aquele
potencial de lazer e turismo da cidade de Porto Alegre no balneário do Lami, e
mantenha este potencial para colocá-lo a disposição da população, menos
abastecida que tem aquele local como oportunidade de se banhar no Guaíba, até então
balneável. Se não executássemos uma proposta que integrasse a questão da água
ao esgotamento sanitário, assim como seu tratamento, do tratamento do esgoto,
iríamos poluir, ou seja, o índice de coliformes dos balneários, degradar o
balneário não colocando mais aquele potencial à disposição da população.
A
Administração discutiu com a população local, organizada nas associações;
discutiu com as entidades ambientais, discutiu com as demais entidades no fórum
do Guaíba Vive, a proposta do Lami, proposta esta que foi decidida
conjuntamente entre a Administração Popular, a população do Lami, entidades
ambientais e demais entidades, pessoas, representantes que participaram
daquelas discussões do Lami. Sendo assim, após termos chegado a um consenso,
passamos a projetar, levantar, elaborar um anteprojeto de abastecimento de água
e de esgotamento sanitário com tratamento de esgotos, respectivamente. Além do
projeto de infra-estrutura, é um projeto que viabiliza aquele local condições
de infra-estrutura adequada para o afluxo de aproximadamente 5 mil pessoas em
época de veraneio. Atualmente residem duas mil pessoas, aproximadamente, sendo
que as 5 mil pessoas afluem quando da época de verão.
É
importante frisar que o conjunto de obras também executado, que chega a ser 95%
se não mais, ele irá atender a população naquela área, prevista no Plano
Diretor, até o ano de 2025, em torno de 12 mil pessoas.
Feito
isso, pretendo fazer um rápido histórico a respeito do complexo de obras.
Acredito que fui bastante claro que nós da Administração Popular trabalhamos
conjuntamente com a população e se alguém se julgou ficar de fora do processo
todo, é porque não acreditou naquilo que outras administrações deixaram de
fazer ao longo dos anos.
O
histórico, nós lamentamos não poder entregar hoje mas, se houver interesse nós
remeteremos todo o histórico do Lami com as obras que foram executadas, seus
custos. Vou rapidamente resumir alguns itens. Nós executamos durante 17 meses
anteriores que inclui o planejamento, o projeto e a execução do abastecimento
de água potável à população e sistema de esgotamento sanitário das águas
servidas. Este complexo de obras construído sob responsabilidade do DMAE usou
recursos próprios dos Orçamentos de 91 e 92 e participaram das execuções das
obras diferentes empresas de engenharia selecionadas por processo de licitação
pública. Os preços de contrato do valor total das obras monta dois bilhões,
zero quarenta e sete milhões oitocentos e setenta e dois mil e oitocentos
cruzeiros. O conjunto de todas as obras do sistema de abastecimento de água e
de esgotamento e de tratamento desses esgotos coletados, ou seja: ETA, rede de
água, rede de esgoto, estação de bombeamento e estação de tratamento de esgoto.
O valor atualizado pelo índice do SESO demontaria, hoje, 6 bilhões 884 milhões
de cruzeiros, 189 mil 502 cruzeiros. O complexo de obras, então. O sistema de
abastecimento de água está composto por uma estação de tratamento de água
compacta com capacidade de 20 litros por segundo, fica situada à beira do rio,
esquina Beco do Pontal. A água antes de chegar passa por um sistema de medição,
passa por unidades de tratamento e dali o armazenamento da água tratada, após
isso nós colocamos um reservatório inferior na base de 80m3
semi-enterrado, outro metálico elevado a 16m do solo com capacidade de 250m3.
Um armazenamento, um reservatório para armazenar a água de lavagem dos filtros
para que, então, após o armazenamento possa ser descarregado na rede de esgoto
construído e enviado à estação elevatória até a estação de tratamento de
esgoto. A estação de tratamento de água está funcionando desde o dia 19 de
fevereiro passado e desde o início não foi interrompido o abastecimento, foi
contínuo. E ela trabalha atualmente com 6 por dia produzindo 227m3
de água. A rede de abastecimento de água, nós construímos um posto de captação
a 240 metros da margem, dentro do Guaíba, com uma tubulação de 600mm com
janelas no poço de adução de água, onde a água é captada para ser enviada à
estação de tratamento de água. A partir daí, uma rede adutora de água bruta de
âmbito de 150mm e extensão 204m. E a implantação desses itens, ou seja captação
mais rede adutora estava a serviço da Construtora Creta. A rede de distribuição
nós construímos utilizando materiais, ferro fundido, uma extensão de 2.900m,
com diâmetros e variados e rede de polietileno de alta densidade, uma extensão
de 10.479m.
As
instalações prediais: o DMAE a fim de evitar a poluição das águas da baía do
Lami, somente iniciou ligações prediais após a ligação predial do esgoto sanitário,
ou seja, não adiantava a gente ligar a rede de água à Casa e o esgoto afluir
através do arroio até a praia. Nós fizemos o trabalho coordenado e conjunto.
O
sistema de esgotamento sanitário, consta de estações de bombeamento e esgoto e
estação de tratamento e esgoto. Foram construídos 10.625m de rede de esgoto com
diâmetros variados; foram construídas as ligações prediais, em torno de 444 até
o momento, a empresa Schwattz Construção, foi a empresa que ganhou a licitação
e executou este serviço; a rede de recalque, esgoto sanitário, da estação de
bombeamento até a estação de tratamento, o projeto foi contratado junto à
Bojunga Dias e construído pela empresa Axel, numa extensão de 919m em material
de ferro. A estação de bombeamento foi contratada junto a empresa Axel; a
estação de tratamento foi contratada junto a Empresa Ecobrás e projetada pela
empresa Geplam. Ecobrás e Socolloto construíram esta estação de tratamento.
Este
relatório conclui que, na data atual, ou seja, hoje, o sistema integrado do
Lami, composto pelo abastecimento de água potável coleta, e correta disposição
de esgoto e sanitário se encontra em funcionamento, necessitando para ser
ultimado apenas algumas ligações prediais e o acabamento final da ETA que já
está em fase de operação.
Nós
registramos ainda que no dia 30 de abril, próximo passado, verificou-se uma
acomodação do aterro, onde se assenta a estação de tratamento de água, devido
ao fenômeno de recalque referencial nas fundações diretas. O DMAE solicitou à
empresa Construtora Creta, responsável pela construção da obra, a solução do
problema, o que já está sendo providenciado.
O
pilar de sustentação da calha baixa foi isolado e a carga da calha foi
descarregada no tanque floculador. O problema que havia nos 4 cm, hoje,
praticamente podemos ignorar. Ele não serve mais para nada, nós encontramos uma
outra alternativa técnica, de modo a isolar aqueles postes que sustentarão a
calha da chegada da água Guaíba a nossa estação de tratamento.
O
DMAE vem acompanhando os recálculos do aterro, uma forma preventiva através do
ponto de medição, e estamos sendo assessorados pela empresa TECNOSOLO, e isso é
uma rotina do Departamento, para todas as obras contratamos ou a CIENTEC ou uma
empresa especializada do ramo para avaliar a qualidade e as características das
obras que julgamos importantes para avaliação.
A
nível de custo foi muito criticado, foi comentado que gastamos muito dinheiro;
é claro que uma obra de saneamento ela demanda bastante recursos, mas acredito
que o processo de discussão também envolveu este aspecto, e aí podemos colocar
que todas essas obras colocadas no Lami, se formos comparar com a alternativa
de trazer água de Belém Novo até o Lami, ela deve ser feita com os custos que
foram investidos na ETA compacta, previsto no Plano Diretor de abastecimento
d’água, não foi invenção dos técnicos nesses últimos anos, ou do Departamento,
da Administração. Já estava prevista em anos anteriores esta obra. Devemos
considerar os custos de construção da estação de tratamento d’água e considerar
os custos da obra que deveria ser construída de Belém Novo até o Lami; fazendo
isto temos, no Lami, um valor atual de 840 milhões e 533 mil cruzeiros; se
agora tivéssemos que buscar a água a partir da ETA Belém Novo nós, apenas
considerando o material, o ferro, adotado para comparação, apenas para
construir 9.200 metros, que é o trajeto aproximado de Belém Novo até o Lami
teríamos que gastar 6 bilhões 275 milhões 90 mil cruzeiros, ou seja em torno de
7 vezes mais do que já gastamos somente para construção da ETA. Então, esses
dados são importantes que o Vereador tome conhecimento; são dados reais,
qualquer fornecedor pode requerer esses custos de materiais, somente para o
material. A isso devemos acrescer 40% para execução da rede, então teríamos em
torno de 8 bilhões somente para a rede, aí entramos com mais uma obrinha que
deveria ter sido feita, se tivéssemos trazido de Belém Novo, ou seja, um
reservatório elevado para levar por gravidade até o Lami, e mais uma estação de
bombeamento desta obra, além do que é importante frisar que se tivéssemos que
fazer a obra de Belém Novo até o Lami a população do Lami teria que esperar
mais dois anos para contar com a água, ou seja, apenas agora estamos entregando
Belém Novo, nós teríamos que construir o reservatório, nós teríamos que
construir a estação de bombeamento e construir 9.200 metros de rede, ou seja,
estimativamente um período de 2 anos e isso nós em conjunto com a população do
local e no fórum do Guaíba Vive foi bastante relevante, bastante importante,
para que se referendasse a Estação Compacta do Lami.
É
importante colocar também que foi objeção da Secretaria de Planejamento do
Município de se estender uma adutora de Belém Novo até o Lami, tendo em vista a
especulação e a alteração das características da área de Belém Novo e o Lami
que poderia se processar a partir da colocação de uma rede de água ao longo da
via pública.
Acredito
que assim consigo resumir e estaremos aguardando as perguntas e certamente
poderemos respondê-las.
O SR. PRESIDENTE: Eu gostaria de mencionar que se encontra
na Mesa o Engº Walter F. Kaschny da Construtora Creta.
Eu
gostaria de solicitar ao Ver. Lauro Hagemann que presidisse os trabalhos da
presente Sessão, tendo em vista que este Vereador é Presidente de uma Comissão
sobre Humaitá-Navegantes, a qual foi marcada para às 15h30min.
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Na condição de mais antigo, assumo a
Presidência, esperando levar o trabalho a bom termo. O Ver. Wilton Araújo pede
a palavra para, acredito, questionar o Engenheiro Dieter, Diretor-Geral do
DMAE.
O SR. WILTON DE ARAÚJO: Eu solicitaria inicialmente ao
Diretor-Geral do DMAE e a nossa Assessoria do Plenário se pudesse reproduzir o
histórico à Casa. Enquanto estamos aqui, receberíamos uma cópia para a Casa o
que seria de grande valia para nós.
O SR. DIETER WARTCHOW: Não há objeção mas é que está escrito a
mão e não tem título em cima. Nós gostaríamos de entregar o documento completo
sob pena de depois o pessoal destacar folhas, etc., a gente se compromete de
entregar para todos que quiserem, está à disposição.
O SR. WILTON ARAÚJO: Bem, nós iniciaríamos as nossas perguntas
ao Diretor do DMAE. Vem sendo dito sempre e foi repetido agora pelo
Diretor-Geral do DMAE que Belém deveria ser ampliada para poder servir o Lami.
Segundo informações que tenho da Administração anterior iniciou a ampliação de
Belém, já concluída e hoje, me parece, são 500m por segundo, daria com folga
até 2.000 a 2.010 para abastecer toda a região que vive lá. Nós vamos entrar
então na nossa relação de perguntas. Com relação às fundações porque é o dado
que se prende ao questionamento da Casa do Povo de Porto Alegre, há um possível
comprometimento integral da estação de tratamento e talvez a sua difícil
recuperação. Então nós perguntaríamos:
com relação às fundações houveram sondagens, quais foram os resultados dessas
sondagens; qual foi a fundação recomendada e qual ou quais foram as adotadas.
Seria o primeiro questionamento.
Eu
temo que se juntarmos tudo fica longo demais e podemos perder alguma coisa.
Talvez a dinâmica de perguntas e respostas fosse melhor.
O SR. PRESIDENTE: O Engº Francisco Oliveira está com a
palavra.
O SR. FRANCISCO OLIVEIRA: O projeto foi feito pela própria
construtora. Ela foi contratada para fazer o projeto e a execução. Foi sondado
o terreno em pontos que manda a técnica, por firma especializada em sondagem.
Foi projetada a fundação com estacas em todos os locais onde o projetista
estrutural entendeu que fosse necessário, como é o caso do reservatório e da
casa química.
O SR. WILTON ARAÚJO: O responsável técnico por essa sondagem e
pelos cálculos quem foi? Foi a Tecnosolo?
O SR. WALTER F. KASCHNY: A sondagem parece que foi feita pelo
Estaqueamento Gaúcho. Mas isso consta no processo.
O SR. WILTON ARAÚJO: Eu gostaria que o DMAE encaminhasse
inclusive com a devida responsabilização técnica do CREA para a gente ter
certeza.
O SR. FRANCISCO OLIVEIRA: É importante colocar que a obra foi
licitada de uma forma em que estivessem acoplados projeto e execução. De acordo
com a legislação, há uma gama de exigências: responsabilidade técnica, projeto,
CREA, comprovação da ligação engenheiro-empresa e, posteriormente, da empresa
com o CREA. Acredito que a nossa sistemática de trabalho está sustentada em
avalizar aquilo que contratamos, e para isso existe uma Comissão de Licitação;
há também a fiscalização do próprio CREA. Então, toda a responsabilidade, todo
o trabalho está integrado; ele foi contratado no processo de licitação,
projeto, execução. O projeto consta de diferentes etapas: levantamento,
sondagem, execução.
O SR. WILTON ARAÚJO: Neste ponto parece importante
questionarmos sobre o Projeto do Executivo, que a Empresa vencedora
apresentou-o como previa o Edital? Gostaria de ter uma cópia do Projeto.
O
DMAE recebeu a obra?
O SR. DIETER WARTCHOW: Recebemos com condição, ou seja, ainda
não oficialmente. Estamos em fase de verificação e testes. Aquele conjunto de
obras da ETA-Lami não foi recebido de forma definitiva.
O SR. WILTON ARAÚJO: Gostaria de ter cópia do documento onde o
DAME recebe com restrições ou com condicionamento ou partes, parcialmente;
enfim, o documento de recebimento, a fim de que eu saiba que tipo de
responsabilidade ainda cabe à firma e ao DMAE.
O SR. FRANCISCO OLIVEIRA: Todas as obras são recebidas pelas normas
gerais de empreitada - Lei Municipal - de forma provisória. É formada uma
Comissão e recebida a obra de forma provisória. Depois é feito o recebimento
definitivo. A nossa prática tem sido o recebimento definitivo. A nossa prática
tem sido o recebimento de forma provisória; o recebimento definitivo
dificilmente tem ocorrido. Ele fica praticamente no provisório. É uma prática
que não é só desta Administração.
O SR. WILTON ARAÚJO: Não estamos familiarizados com a prática
de muito tempo no DMAE, nós gostaríamos de ter um documento onde o DMAE recebe
com condicionantes para podermos saber quais os condicionantes, se este
documento não houver me parece que o engenheiro fez uma sinalização de que não
existem os documentos. Então, eu gostaria para efeito de registros taquigráficos
que ele pudesse nos dizer quais são os condicionantes e até onde vai a
responsabilização de um e de outro.
O SR. FRANCISCO OLIVEIRA: Não se recebeu com condicionantes. O que
se fez foi um recebimento provisório para fins de operação da estação e ela
está operando desta forma.
O SR. WILTON ARAÚJO: Aí fica difícil para eu entender. Pro que
o Diretor-Geral disse que recebeu com
condicionantes, o engenheiro diz que recebeu provisório. E entre uma e
outra palavra existem diferenças que a gente poderia tentar esclarecer para
ficar um pouco mais claro.
O SR. FRANCISCO OLIVEIRA: Pretendo retificar a minha posição, não
foi um recebimento com condicionante, foi um recebimento provisório como a lei
assim o prescreve.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa está deixando mais ou menos o
diálogo sem formalismo porque se esclarecem melhor as questões. Desculpe o
Plenário esta liberalidade, mas acho que é para um melhor entendimento das
questões.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem):
Até para melhor
entendimento posterior do que fica registrado, eu não sei se isto que é uma
possibilidade de fluir mais fácil o debate entre um Vereador que é técnico e
foi Secretário de Obras e Viação, e técnicos da Mesa, que respondem por um
setor técnico da Prefeitura e que falam sobre uma questão técnica, que são
obras, permitiria que Vereadores não-técnicos, e apenas taquígrafos que
eventualmente não são engenheiros pudessem registrar na velocidade em que é
feito o debate, a precisão do que está sendo debatido. Eu preferiria,
tecnicamente, o nosso funcionamento mais usual, a pergunta a seu tempo, a
resposta a seu tempo cada um com o nome para que nós pudéssemos acompanhar
também as posteriores leituras e consultas a órgãos técnicos específicos que
nos assessorassem.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai corrigir a sua intenção de
liberalizar a discussão e vai adotar este procedimento.
Como
há um diálogo expresso entre o Vereador requerente e o diretor do DMAE. Vamos
continuar, pedindo que as perguntas e as respostas sejam delimitadas no tempo
para que possam ser registradas.
O SR. LUIZ MACHADO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, não estou bem por dentro
do Requerimento da convocação do Secretário. Aqui pelo menos no espelho não
traz se a discussão de hoje fica somente sobre a edificação do prédio ou se vai
estender-se também ao abastecimento.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai repetir o teor do Requerimento
do Ver. Wilton Araújo: “ O Vereador requer, atendida a tramitação regimental,
que seja convocado a comparecer nesta Casa, em Plenário, o Sr. Diretor-Geral do
DMAE, a fim de prestar esclarecimentos acerca de problema técnico ocorrido na
Estação de Tratamento de Água ETA, no Bairro Lami.”
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, para auxiliar a Mesa e o
Ver. Luiz Machado, esse era o Regimento, mas houve um apelo, por parte da
Bancada do PT para que ao invés da convocação se fizesse um convite. Então,
desaparece, também, a obrigatoriedade formal do envio de quesitos preliminares
e, portanto, o assunto pode ser tratado no seu todo.
O SR. PRESIDENTE: Esclarecido, Vereador? A Mesa não tem
nenhuma objeção, apenas estaca atendendo ao teor estrito do documento. Ver.
Araújo, V. Exª está com a palavra.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sob o ponto de vista técnico, Sr.
Diretor, a obra tem conserto? Não se perderá o dinheiro aplicado lá?
O SR. DIETER WARTCHOW: A obra nunca apresentou problema. O que
se verificou, foi um recalque diferencial, dentro do permitido, que normalmente
se verifica. Quem não constrói uma Casa e não vê, com o tempo, algumas
rachaduras na parede? O terreno tem que ser assentado. Isso se enquadra dentro
de um permitido. E o que nós constatamos nós achamos necessidade de atuar
preventivamente isolando o pilarete e integrando aquela caixa de chegada à
Câmara de decantação e floculação.
O SR. WILTON ARAÚJO: Eu fico confuso entre os documentos que
tenho, que é de colunas inclinadas, a exemplo da Torre de Pizza e rachaduras
grandes nos prédios, e o Diretor-Geral do DMAE diz que nunca houve problemas.
Ora, o recalque no solo, basta ser um pouquinho instruído, se sabe que não é
assim, que não é recolocando que vão se restabelecer as diferenças do solo. Por
isso nós perguntávamos sobre a sondagem. Eu, com todo respeito, gostaria de uma
consideração técnica um pouquinho mais elevada. Se não houve nenhum problema
até hoje, como é que essas provas e a vistoria que fiz in loco
demonstravam, conforme documentos internos do DMAE assinados por técnicos, ou
sei lá por quem, porque não conheço as pessoas, demonstravam que havia 4 cm de
inclinação do prumo. Quero saber, volto a repetir a pergunta que fiz, se esses
problemas têm conserto ou se o dinheiro do povo de Porto Alegre está sendo
desperdiçado lá.
O SR. DIETER WARTCHOW: Mudando um pouco a ótica, reafirmo que
não tem problema porque se tivesse seríamos obrigados a interromper o
funcionamento da ETA, e o que verificamos estava dentro de um limite
permissível, conseqüentemente, não interrompemos o funcionamento da ETA de
forma definitiva, só interrompemos o tempo necessário para consertar. O que
fizemos foi, preventivamente, isolar aquele pilarete e integrar a caixa de
chegada à unidade maior da estação. Esses recalques aí, a casa de química está
sob estacas e tem uma viga de baldrame que interliga os pontos das estacas.
Como afirmei, os recalques que se verifica numa construção nova são
perfeitamente admissíveis e não existem problemas na Estação. Vamos pegar o
momento como alerta para que se possa prevenir no caso, quem sabe, de ocorrer
algum estrondo, alguma coisa, ali, vamos tentar atuar preventivamente e buscar
o controle, através de pinos, através do recalque diferencial ao longo do tempo
e assim verificar se há algum problema ou não. O tempo vai dizer se há
problema. Acredito que não porque até o momento os pareceres técnicos têm assim
se referido.
O SR. LÚCIO SOIBELMAM: Sou conselheiro do CREA. O Presidente do
CREA havia me designado para representar a entidade só que quando me interei do
assunto tive que me declarar impossibilitado de comparecer representando o CREA
porque meu pai foi um das pessoas que participou da obra, foi quem fez essas 12
estacas, com 12 metros de profundidade, armadas, projeto relativamente até
superdimencionado, por problema de esforço, de peso, que a gente chama de
esforço normal, mas sim que foi colocado duas estacas, em baixo de cada pilar,
para evitar o problema de momento e o problema de vento. Então, as estacas,
pensando no ponto de vista de recalque, elas estão superdimencionadas. Então, o
que acontece? Estão discutindo aqui e o pessoal não está entendendo o que é o
recalque diferencial que está se discutindo aqui.
O
que acontece é que foi construído por dois processos construtivos, duas partes
da obra. Uma parte da obra, que é o reservatório elevado, é a casa de química,
se não me engano, tem cinco estacas, esta parte da casa de química e o reservatório
elevado estão sob estacas, esta estaca com 12 metros, ela alcançou um solo
muito resistente, lá embaixo, e esta estaca não possui recalque nenhum, claro
que possui recalque. Toda obra profunda, toda fundação profunda tem recalque,
milímetro, mas tudo afunda com o tempo, a não ser que ela se assente em rocha.
E a fundação superficial, mesmo em terreno bom, a não ser que se assente em
rocha, também tem recalque. Então, o que se alega que é o recalque diferencial?
É quando numa mesma obra se utilizam dois tipos de fundação. A partir deste
momento, uma parte da obra vai baixar mais do que a outra, e nesse ponto passa
a acontecer fissuras.
Então,
discutindo isto, não fui eu quem executei a obra, eu me senti impossibilitado,
porque foi meu pai, então, a partir do momento em que há uma ligação, eu não
tenho todos os dados da obra, mas pelo que está se discutindo, existe uma parte
da obra que foi ligada na outra, que é a questão do pilarete, que não tem
fundação, é uma fundação direta, ligada no reservatório elevado que tem uma
fundação profunda e aí ouve um recalque diferencial.
Em
cima disto eles fizeram um isolamento, não me parece, não é certo dizer que
toda obra, a não ser muito bem estudada, que toda obra feita em fundação
superficial seja problema, senão a construção antiga estaria toda caindo,
porque antigamente não havia fundações profundas, há 50, 60, 70 anos atrás, 90%
das obras eram em fundações superficiais e estão aí, de pé, não quer dizer que
a obra tenha sido mal executada.
Eu
me sinto melhor em falar, porque o que está sendo questionado é a parte de
fundação superficial, que eu não participei, até agora ninguém está
questionando o problema das estacas. Então, a partir deste momento, me sinto
menos impedido de participar do debate. A questão é que a fundação superficial
existia e foi feita, não me parece que, do ponto de vista técnico, isto foi um
erro. Realmente, pode ser feita uma fundação superficial num local onde não é
recomendado. Me parece que não é o fórum de discussão, isto tem que ser feito
um laudo técnico, não fotos dizendo que o pilar inclinou, mas um laudo técnico
feito por uma empresa tipo CIENTEC e, em cima disto, discutir em cima de fatos
concretos.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, para informar ao nosso
visitante, companheiro de profissão, que este laudo já foi solicitado quando do
momento da denúncia e deve estar a caminho da CIENTEC a elaboração do laudo. As
providências técnicas já foram tomadas.
A
empresa é a Tecnosolo? Porque foi citada também a SIGMA.
O SR. DIETER WARTCHOW: A Tecnosolo foi contratada agora, para
fazer esta verificação. Estamos atuando de uma forma preventiva. É claro que o
alerta serve para que possamos tomar iniciativa. Está errado quem não toma
iniciativas quando alertado, para verificar se as colocações estão corretas, se
existe algum problema ou não. É o que estamos fazendo em todas as obras
importantes.
O SR. WILTON ARAÚJO: A Tecnosolo já forneceu o laudo?
O SR. DIETER WARTCHOW: Está em fase de finalização. E assim que
estiver concluído, a gente entrega.
O SR. WILTON ARAÚJO: O Diretor-Geral nos diz que a Estação do
Lami é uma estação compacta. E esta Estação compacta, a Administração optou por
este tipo de estação, que teria a duração no Lami em torno de dois anos.
Questionaria o porquê desta opção por essa estação compacta?
O SR. DIETER WARTCHOW: É preciso corrigir alguns termos, ela não
é compacta, ela é convencional de pequeno tamanho, podendo ser desmontável
algumas unidades e transportadas para outro local. E o motivo pelo qual nós
construímos é porque nós só dispúnhamos de 840 milhões de cruzeiros e não 8
bilhões e poucos. Porque nós temos que investir não só todo nosso recurso no
Lami, mas temos que distribuir os recursos nas diferentes áreas que são
carentes, podemos citar: Lomba do Pinheiro, Zona Leste, Partenon, Zona Norte da
Cidade.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Só para agregar nos registros desta
Sessão, é que sobre a alternativa adutora desde Belém Novo e Estação do tipo
construída no Lami, esta Casa fez um debate durante quatro horas, em 1991, que
esclareceu, pelo menos para mim, que não sou técnico, a contento sobre a
questão.
O SR. WILTON ARAÚJO: Agora está um pouco esclarecida, mas veja
bem os editais, tudo o que se pediu não era uma estação compacta? Como é que no
decorrer do tempo ela virou convencional de pequeno porte?
O SR. DIETER WARTCHOW: Fez parte da Comissão de julgamento o
nosso advogado Dr. Saraiva, a engenheira Alpha e a minha pessoa. E houve uma
proposta de uma estação compacta, e nós não aceitamos e ficou vencedora a Empresa
Creta, teve outras propostas, AMACAL, a Construtora Cimenti. E, de todas elas,
dentro dessa proposta, essa foi a
empresa vencedora, essa foi a alternativa escolhida dentro daquelas três outras
que cotaram preços depois de terem sido classificadas para a segunda etapa
daquele edital.
O SR. WILTON ARAÚJO: Se bem entendi, na Comissão julgadora,
existiam dois advogados...
O SR. DIETER WARTCHOW: São técnicos renomados...
O SR. WILTON ARAÚJO: Só uma formação profissional.
O SR. DIETER WARTCHOW: Eu sou formado pela Universidade se
Stuttgard, na Alemanha, Mestrado em Saneamento Ambiental pelo PH e a Drª Alpha
tem toda uma bagagem histórica em Engenharia Química, do Departamento; e
engenheiro civil, especialista na área.
O SR. WILTON ARAÚJO: É o único técnico, vamos dizer assim, na
Comissão julgadora, a nível de obra civil seria o, hoje, Diretor-Geral do DMAE,
CC.
O SR. DIETER WARTCHOW: E se o senhor quiser mais explicações
sobre a alternativa escolhida, acho que a Drª Alpha poderá fornecê-las.
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra à Drª Alpha
Teixeira.
A SRA. ALPHA DA ROSA TEIXEIRA: Eu acho que o Vereador não entendeu bem a
diferença de compacta para convencional. A estação compacta é uma estação que
aglutina várias estações de tratamento. A nossa estação de Belém Novo, de São
João, são compactas, elas têm unidade de tratamento aglutinadas, e lá, no Lami,
nós tivemos o cuidado de usar uma estação convencional justamente por ser uma
área muito distante e tínhamos que deixar um operador lá, e as estações compactas
são muito difíceis de operar. Elas exigem muita tecnologia. Então, nós usamos
uma estação convencional, do tipo de estação do Moinhos de Vento, da estação do
Menino Deus, estação da Tristeza, que são de tecnologia mais fácil. Então, ela
é uma estação muito pequenina, de 20 litros por segundo, mas é uma estação
convencional. E a estação de São João, por exemplo, é uma estação de 3000 m3,
quase 4000 litros por segundo, e é compacta. Eu não sei se consegui esclarecer.
O SR. WILTON ARAÚJO: Uma coisa que nos intriga vendo esta
licitação: a segunda colocada, a Cimenti, apresentou proposta de 79 milhões e a
vencedora, a Creta, apresentou proposta de 85 milhões, qual foi o critério de
escolha? Foi a capacitação técnica, o currículo melhor da Creta do que a Cimenti.
Qual o tipo de critério adotado nesta escolha?
A SRA. ALPHA DA ROSA TEIXEIRA: Foi feita uma licitação um pouco
diferente: foi técnica e de custo, e como estávamos pedindo uma estação
convencional, justamente devido ao medo que tínhamos da dificuldade de operação
numa compacta, por isso que a CRETA ganhou, porque foi a única que apresentou
uma estação convencional, a Estação da Cimenti e da outra, eram estações
compactas, elas tinham o decantador junto com o misturador e o acondicionador,
era uma unidade complicada, a operação não vou dizer que fosse difícil, mas é
mais complicada, porque o Senhor fica dependendo de modificação de velocidade
d’água que chega, então a água chega com mais velocidade, o senhor tem problema
na coagulação d’água.
O SR. WILTON ARAÚJO: Doutora, isso comprometeria a qualidade
d’água? Mas não comprometeria?
A SRA. ALPHA DA ROSA TEIXEIRA: Isso dificultaria o tratamento e com essa
dificuldade, freqüentemente, se tem água suja na estação. Para o nosso
objetivo, tecnicamente, não é bom. Isso é uma experiência que trazemos numa
bagagem de trabalho de muitos anos na CORSAN, onde operamos estações compactas,
que são de muito difícil operação, mais ou menos 40% do tempo elas estão com
problemas, e numa estação distante, teríamos que colocar lá algo fácil de
operar. Foi difícil, na época, justificar isso aí, porque estamos acostumados a
fazer concorrência só por preço, ganha sempre o mais barato.
O SR. WILTON ARAÚJO: Uma coisa que me deixou bastante
intrigado é que no edital, item 13.1, diz: o sistema solicitado será portátil,
nem compacta nem convencional, portátil.
(Apartes
paralelos.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai pedir a compreensão do
Plenário dada a seriedade do problema tratado.
O
Ver. Wilton pediu explicação sobre o que significa portátil no caso da ETA do
Lami.
O SR. DIETER WARTCHOW: Veja, o Projeto foi tão bem concebido que
executamos as obras que poderão ser utilizadas, no futuro, de forma definitiva:
o reservatório, a estrutura, a espera, diâmetro da tubulação na rede de água. A
questão do portátil é relativo. O importante é que a população tenha água. Eles
estão satisfeitos por terem água da melhor qualidade. Acredito que a
justificativa, que a Engª Alpha colocou a respeito dos problemas de qualidade
de água, são muito preocupantes, pois temos um padrão estabelecido, numa
Portaria do Ministério da Saúde, a cumprir, e precisamos efetivar e escolher
nosso sistemas de tratamento, operar nossas estações de tratamento, monitorar a
água distribuída, de forma a garantir a qualidade da água estabelecida pela
Portaria 36, do Ministério da Saúde. De forma que o Projeto foi bem concebido,
foi bem estudado. A Comissão se valeu da opinião de outros técnicos para
discutir a questão, não foi uma decisão isolada mas, sim, coletiva o que referendou
o Parecer da Comissão de Licitação.
O SR. WILTON ARAÚJO: Parece-me que a comunidade não está tão
agradecida. Tanto é verdade que, em 17-05-92, domingo, fl. 15, “Zero Hora”: “O
Rio Grande reclama: a água não chega a todo o Lami.” Vem uma reclamação do Sr.
Hugo Coelho de Souza, onde diz que no centro do Lami, onde se localizam o posto
de gasolina, a igreja, a sede social, a Escola Estadual Oscar Coelho de Souza,
com 500 alunos, a água não chegou. Então, preocupa-nos também, pois se é que já
está toda a rede colocada e lá não vai chegar água, a preocupação da Casa é
enorme em saber por que não vai chegar.
Neste
caso, se o sistema solicitado - portátil - diz o edital, e não foi o colocado,
por que não foi anulada a concorrência? O edital dizia uma coisa, as empresas
apresentaram outra, e acabou se fazendo um terceira.
A SRA. ALPHA DA ROSA TEIXEIRA: Vereador, algumas unidades que seriam as
definitivas para no futuro quando se tiver a adutora, o Lami será abastecido
por Belém Novo, essas unidades são definitivas e são: um reservatório enterrado
de acumulação de 80 metros cúbicos, um reservatório elevado de 250 metros, a
casa química, isto é, de alvenaria, e a construção de concreto, mas a estação
de tratamento propriamente dita, a calha Parchal, que é o medidor, o
sedimentador, os filtros, são unidades metálicas justapostas, nós encontramos
uma carreta lá e retiramos a unidade quando não se precisa mais e levamos para
outro lado, talvez para uma ilha para servir de estação de tratamento.
O SR. DIETER WARTCHOW: A segunda parte da resposta é a seguinte:
nós temos o fórum de discussão, a Administração Popular gosta, não é o
Prefeito, não é o Vice-Prefeito, não é o Secretário que decidem sobre as obras,
mas é a comunidade organizada nas associações que vai reivindicar conosco nas
discussões do orçamento participativo a obra X ou Y e nós temos o fórum do
Guaíba Vive que discutiu amplamente qual seria a área a ser atendida, se alguém
ficou de fora porque, repito, não acreditou no processo em virtude dos anos anteriores
e porque certamente não viu avalizada aquela questão toda. Agora, com o
empreendimento funcionando deu no que deu. Eu acredito que essas pessoas devem
se dirigir ao fórum do Guaíba Vive para colocar essa questão e ali discutir.
Aquele é o fórum de discussão e se for opinião unânime e for do consenso do
fórum vai se fazer o que for possível. Eu acredito que essas discussões têm que
ser feitas não de forma isolada, de forma a beneficiar um posto ou beneficiar
uma casa mas chegar a uma proposta de consenso e beneficiar as pessoas em
função de uma discussão de consenso.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sobre esta questão, especificamente, da
possibilidade de estender o abastecimento a partir deste equipamento ali
produzido nestas condições porque se a população se mobilizar por água eu tenho
certeza que neste momento, nesta etapa da discussão do orçamento da Zona Sul
esta será uma das prioridades do Lami, das regiões não abastecidas ainda. Nós
temos certeza porque temos participado das discussões e conversado com pessoas
que têm participado e concordado que é correto. A forma de integrar o orçamento
participativo proposto e votado por esta Casa, até com a ressalva “sem qualquer
oposição” de que o orçamento contasse com a participação e cooperação de toda a
comunidade. Creio que esta é uma das prioridades da Zona Sul, da Ponta Grossa e
demais regiões circunvizinhas que, ao longo do tempo, também serão
beneficiadas.
A
planta, como está, será acrescida de outros projetos que se agreguem com
dinheiro orçado para o próximo período. Isto é viável a curto prazo,
aproveitando a capacidade já existente da hidráulica.
O SR. DIETER WARTCHOW: Justifico novamente o projeto. Ele
permite uma duplicação. A elaboração técnica é de tal forma que, se necessário,
será possível a duplicação. Por isso, temos que discutir isso dentro de um
fórum de maneira a garantir a possibilidade de abastecimento do Lami. Não
adianta apenas estender água, precisamos cuidar dos recursos hídricos, também.
Mas tudo isso tem que ser discutido no fórum de discussão Guaíba Vive.
O SR. WILTON ARAÚJO: Esse fórum de discussão parece ter
deixado de fora uma escola com 500 alunos, parece uma cochilada, é difícil de
assimilar isso. Vejam bem. Há um ano, quando discutimos alternativas nesta
Casa, tínhamos um custo. Não sei como é que aumentou tanto essa previsão do
custo da adutora. Pelas minhas contas, a coisa ficou de tal forma multiplicada
que, eu não diria, mas parece que foi feita uma conta de chegar.
O SR. DIETER WARTCHOW: É importante isso. Entramos com o projeto
de lei para acompanhar a inflação do setor. E aí vocês vêem que a questão do
material é determinante, nós temos aqui previsões podemos jogar dados, mas eu
acho que a gente pega mais o valor absoluto no próprio plano diretor de
abastecimento de água, que foi feito lá pelos anos 80, já previa uma diferença
da ETA Lami para adutora de 1 para 4. Agora se pegarmos os valores de mercado
nós temos os nossos valores dos contratos, atualizando isto pelo índice do SESI
nós vamos chegar a 800 milhões de cruzeiros, se pegarmos o material, simples
cano de ferro, tubulação de ferro e pegarmos o preço de mercado nós vamos
chegar a 6 milhões e pouco, dá quase 7 vezes mais. Então, os dados se
justificam, eles são reais. Eu acredito que depois de posse dessa cópia a gente
possa avaliar melhor, e a gente está a disposição para esclarecer, a qualquer
momento. Esses dados estão aqui, eles estão abertos, e são dados reais.
O SR. JOEL LEMMER: Sou Presidente da Associação dos Técnicos
Científicos do DMAE. O que nos causa estranheza, em primeiro lugar eu queria
deixar claro já nessa Casa nós nos pronunciamos há praticamente um ano que
lamentavelmente esse Projeto não foi discutido com os técnicos do DMAE.
Processo normal, divisão de planejamento edital feito pela divisão de obras,
isto não foi feito assim. Foi feito de outra maneira e nós até entendemos.
Outra coisa, é que na época nos foi fornecido pela superintendência de
desenvolvimento Engº Francisco, que se encontrava aí, que o custo de um adutor
sairia em torno de 200, talvez eu não esteja lembrado, mas não vou errar em 1%,
202, ou 203 milhões, quando a obra da ETA seria 85 milhões. Então, vamos
grosseiramente dizer que seria o dobro, duas vezes e meia. De lá para cá a
concorrência das empresas que fornecem ferro dúctil, ela é tamanha que o ferro
dúctil é mais barato hoje do que na época. Bom, então, aí eu já não sei fazer
mais conta. É isso que eu queria deixar claro.
O SR. PRESIDENTE: O senhor dirige uma pergunta à Direção do
DMAE?
O SR. JOEL LEMMER: Ao Engº Francisco que, na época, nos
forneceu um dado que custaria um adutor em torno de 201, 202 milhões de
cruzeiros. E baseado nesse dado evidentemente é que nós estamos falando.
O SR. WILTON ARAÚJO: Para auxiliar, já que o Dr. Francisco não
estava quando foi feita a pergunta vou tentar esclarecê-lo. É que o
Diretor-Geral do DMAE fez uma comparação que hoje sairia 6 a 8 vezes mais se
construir, então está estranhando o técnico, pelo engenheiro, porque naquela
época era duas vezes e meia e agora são seis a oito vezes. Qual foi o fenômeno
econômico que se passou aí.
O SR. DIETER WARTCHOW: Tudo depende do dumping econômico
que a empresa faz. Nós podemos dar um exemplo do último. Nós compramos
tubulações de ferro de diâmetro 100 a 25 dólares o metro, 100mm e numa outra
obra, por estranho que pareça a mesma empresa cotou o preço da tubulação a 8
dólares, ou seja, quase 3 vezes a menos do que vendia para o órgão público que
paga em dia. E a empresa ganharia 30 dias. Isso aí, pelo Decreto-Lei nº 2.300 é
prática de dumping, condenável e nós estamos tomando as iniciativas e as
medidas cabíveis para que a gente possa a partir de então adquirir tubulações a
um valor de 8 dólares o metro. Isso é uma história a parte, mostra de como é
que o mercado monopolista funciona jogando interesses. É importante colocar
também o seguinte, que a tubulação orçada, estão aqui os valores, nós não
inventamos muitos valores, os valores em UPCs são em proporção 3,6 para um, o
previsto na época e agora nós avançamos para aquela vez em que foi discutida a
ETI para 2,5, foi o valor que você se referiu. Se pegarmos o valor de mercado a
tubulação de ferro, em vez de 400mm, nós pegamos para 500mm por causa da perda
de carga e aí aumenta o peso, aumenta o custo e o custo da tubulação então se
for 500mm é 250 dólares o metro, se fosse 400, seria 180, 220. Então, a
proporção não seria mais 1 para 8, 1 para 7, 5, mas quem sabe 1 para 6,5, ainda
muito grande. Então, com dados se joga, dependendo da colocação, e nós estamos
botando esses dados aqui, no papel, para não fazer esse jogo.
O SR. JOEL LEMMER: A bem da verdade, nós não queremos fazer
jogo de dados, porque uma canalização de 500 ou 400 ou 300, é evidente, ela dá
uma produção de água muito, muito superior a uma hidráulica de 20 litros por
segundo. Nós temos que botar uma canalização que seja compatível com uma
hidráulica de 20 litros por segundo. Então, aí sim, talvez se chegue nessa dado
de duas, duas vezes e meia e não jogar para a população que é seis, oito vezes.
Isso aí é que é jogar com os dados.
O SR DIETER WARTCHOW: Acho que não cabe uma discussão técnica.
Joel, você é representante da Associação, você tem espaço lá no DMAE, nós
discutimos isso amplamente dentro do que sempre a gente vinha fazendo.
O SR. WILTON ARAÚJO: É, a gente fica preocupado com esses dados
e na verdade se pensa até que as opções que se tinha na época de uma adutora
com diâmetro compatível com essa vazão, vindo de Belém e já está ampliado e não
vai passar por nenhum reservatório enterrado, Dr. Álvaro, porque isso seria
tecnicamente complicado, nós teríamos que bombear de novo a coisa se viesse por
uma adutora. Então, são dados técnicos jogados para uma platéia semileiga que
podem estar sendo usados para complicar a compreensão da Casa. Mas, nós estamos
tirando bom proveito desta reunião, estamos chegando a dados importantes que a
Casa vai analisar com profundidade daqui para frente, com a certeza de que há
problemas. E eu gostaria de dirigir as duas últimas perguntas ao nosso
convidado Engº Walter Kaschny, da Construtora Creta, para que nos honrasse com
a resposta. Eu gostaria de saber quantas estações de tratamento a Creta já
montou? Quantas têm no seu currículo?
O SR. WALTER KASCHNY: A primeira foi a de Belém Novo, em 1968,
depois obras análogas.
O SR. WILTON ARAÚJO: Estação de tratamento, então, tem uma em
Belém Novo. Quanto à questão da obra, dos laudos, da sondagem, ...
O SR. WALTER KASCHNY: Estação de tratamento, especificamente,
executamos dezenas de reservatórios.
O SR. WILTON ARAÚJO: A questão da sondagem está dentro do
relatório que vai ser mandado, não é? Então, gostaria de saber se essas
recuperações que estão sendo feitas na Estação de Tratamento do Lami se estão
sendo executadas pela Empresa Creta.
O SR. WALTER KASCHNY: Já foram feitas.
O SR. WILTON ARAÚJO: Então a empresa se sente responsável para
qualquer coisa que houver, que possa acontecer. Temos medo que isso possa
evoluir.
O SR. WALTER KASCHNY: A obra foi feita, Vereador, com a
fiscalização do DMAE e a Construtora é responsável durante cinco anos.
O SR. WILTON ARAÚJO: Por cinco anos é responsável, mas há quem
diga que é por 20 anos, dependendo da lei que se analisar. Então a Construtora
tem solidez suficiente para garantir por 5 ou 20 anos se for o caso, não tem
problema nenhum!
O SR. WALTER KASCHNY: Respondo que a firma executou o que era
necessário para o conserto desse pilarete.
O SR. WILTON ARAÚJO: Preocupa-me sua resposta, sua negativa
resposta. O medo da Casa e da Cidade é que isso possa, de alguma forma evoluir
e se a empresa não tiver solidez suficiente para segurar as reformas, as
adaptações, a Cidade poderá sair perdendo.
O SR. JOÃO MOTTA: Estou acompanhando atentamente os debates
que iniciaram, na verdade, com o que está terminando, ou seja, o problema de um
desnível - não domino tecnicamente os termos. Segundo o depoimento reiterado
agora, se reforça o diagnóstico de que tal desnível apresentado já foi
tecnicamente solucionado. Portanto, esse é um dado, parece-me, fundamental.
Diria que a hipótese de acontecer um outro fenômeno natural, é, evidente, qualquer
obra não tem uma imunidade absoluta, pelo menos, sob este ponto de vista. Com
relação as normas e regras que regem este tipo de contrato é do domínio também
nosso, há uma responsabilidade por um “x” por parte da empresa, e o Município
tem obrigação, no caso, de executar a empresa, caso houver um tipo de prejuízo
que não for resolvido. Então, há um amplo domínio nosso sob o ponto de vista de
como este tipo de relação se legisla e se regra.
Então,
ponto número um, gostaria de resgatar um pouco no debate, que é para não sair
amanhã ou depois, na imprensa, uma manchetezinha dizendo o seguinte: olha o
Município não garante que não vá acontecer um outro. Não garante mesmo, não tem
como garantir. Então, gostaria de resgatar isto no nosso debate.
Segundo,
o problema da tecnologia, se a empresa tem tecnologia, quer dizer, se a empresa
tem tecnologia, ou experiência, ou um outro objetivo mais adequado, parece
também que foi uma questão levantada, quer dizer acho que, pelo relato que foi
dado, houve uma opção fundamentada também, quer dizer, há uma orientação na
área da saúde, há já uma experiência na área da CORSAN de que este sistema que
foi utilizado lá, é um sistema amplamente utilizado em situações semelhantes.
Pelo menos isto eu resgatei neste nossa troca de informações. Portanto, para
que não digam amanhã, ou depois, ou saia no jornal: DMAE inventou sistema que
coloca em risco a obra, os recursos do Município e o abastecimento da
população, estou aqui tentando resgatar exatamente aquilo que acho que foi pontuado
claramente aqui no debate, que acho que tem aqui, pelo menos, o entendimento
médio, não precisa ser letrado, não é o meu caso, mas percebe nitidamente na
nossa aproximação.
Terceiro
dado, e já encerro, eu não percebi, até agora, algum problema de ordem legal na
licitação. Acho que foi colocado, aqui, quase numa espécie de piga-fogo, mas
não percebi, aqui, claramente, algum problema, alguma falha, ou alguma
ilegalidade na licitação.
Acho
que este assunto não encerra hoje, pelo que estou entendendo, o Ver. Wilton
pretende continuar analisando o assunto, acho que é legítimo. Sempre foi assim
aqui na Câmara.
Acho
que a gente apresenta de fato, algo mais consistente a partir deste debate. Eu
me dou e me tenho por esclarecido nesse nosso debate. O resto, para mim, será
invenção da nossa imaginação política, eu diria. E aí é evidente, como diria o
nosso atual Governador do Rio de Janeiro, grande e brilhante político, Leonel
Brizola, quer dizer, no microfone aceita tudo. Então estou fazendo mais essa
intervenção até pela seriedade do nosso debate, pela seriedade da intervenção
do Ver. Wilton Araújo, que conheço desde que entrei aqui, na Câmara, tenho por
ele um profundo respeito. Sei o que significa levantarmos suspeitas por um
órgão como o DMAE, que é, reconhecidamente, um órgão que presta um bom serviço
na Cidade, ou sobre algum técnico do DMAE, que também independente de suas
opções religiosas, partidárias, etc. de cor, sexo ou raça, tem, por parte da
Câmara, até hoje, um respeito suprapartidário, e o DMAE, pelo que eu conheço,
sempre foi um órgão muito respeitado e muito considerado pela qualidade de seus
servidores. Então, gostaria apenas, nesta intervenção, de situar neste patamar
o nosso debate, a nossa discussão porque eu quero deixar bem claro aqui que eu
seria o primeiro até porque tenho uma responsabilidade, em parte pela própria
administração da Cidade, como Vereador de Governo, em denunciar algum tipo de
irregularidade no âmbito do Município. Seria o primeiro aqui, na Câmara, a
assinar embaixo qualquer denúncia nesses termos.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Para concluir, - já que a Sessão,
tecnicamente, não teria condições de continuar em função de que já encerrou o
seu prazo e nós não o prorrogamos - , estamos aqui em respeito aos convidados e
por interesse no debate. Agradecemos a presença do Diretor-Geral do DMAE,
técnicos e assessores, e reconhecer no argumento da Engª Alpha a razão creio do
nosso debate que foi o que eu registrei, que se verificou, nesta administração,
a aliança entre custos menos caros possíveis e a qualidade na construção é o
que se tem visto como critério na licitação. Creio que não houve, em nenhum
momento, da parte do Ver. Wilton Araújo, acho que a experiência demonstra que
não há isso nele, na Cidade, como administrador, e aqui, na Câmara, como
Legislador, uma razão de motivo, enquanto técnico, de qualificar colegas seus,
a Mesa, em função de depoimentos que prestassem, até porque, se houvesse a
perspectiva de desqualificação, o fórum não seria a Câmara Municipal e sim o
fórum técnico da categoria, assim como não houve, no Ver. João Motta, creio, em
dizer que, no geral, a imprensa pudesse explorar alguma má informação, ou
vírgulas aqui colocadas, porque não vejo grande preocupação, além das
inicialmente colocadas, de que há rachaduras objetivamente e que estas
rachaduras tem acompanhamento técnico e, portanto, estão tecnicamente seguras
acompanhadas pelo órgão competente tanto do DMAE ou junto à empresa. Creio que
as preocupações são preocupações e continuarão sendo preocupações para todos.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Solicitou também a palavra o
representante do CREA.
O SR. EDUARDO: Sou vice-presidente do CREA, seção Rio
Grande do Sul. Fomos convidados a comparecer aqui neste debate e tudo o que a
gente ouviu hoje é que este problema está envolvendo vários profissionais
ligados ao CREA e a gente gostaria de reafirmar o interesse do CREA de
continuar participando desta discussão, se houver continuidade. Só isso.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe a solicitação e acha que
pode garantir esta continuidade de participação, porque é praxe da Casa dar
continuidade a esta reunião.
O SR. WILTON ARAÚJO: Preocupa-me algumas colocações do Ver.
João Motta, que fez uma espécie de resumo, sob a ótica da administração,
evidentemente, na reunião e sei que ele não é técnico na área, é advogado, se
não me engano, mas quero lembrar que estes reclaques, que nós falamos tanto
aqui, há uma tendência, devido ao terreno, em se agravar com o tempo, havendo
uma certa tendência nesse sentido, para melhor orientação do Vereador.
Quanto
ao contrato e a licitação, me parece haveria dado que dois técnicos eram cargos
em comissão, da comissão julgadora. Se houve dificuldades em estabelecer se o
edital dizia “portátil” e se acabou fazendo “convencional”. Por estas
dificuldades na apresentação das propostas, parecia motivo suficiente para
eliminar qualquer tipo de ilação se de três, dois eram cargos em comissão,
porque arriscar qualquer tipo de interpretação, não cumprirem à risca cada
ponto e cada vírgula, a imprensa não iria mudar. Deveria ter sido anulado e
refeito.
Vou
confessar que é um momento difícil para mim o que vou enfrentar agora, mas
necessário. Porque quando se diz, se disse aqui e se disse na imprensa que a
empresa era responsável e ficará por 5, por 20 anos, perguntei sobre a solidez
da empresa e não foi respondida. Tenho dados que a empresa tem oito pedidos de
falência. E já pediu a sua concordata preventiva.
Então,
precisamos ter seriedade, pés no chão, quando se vem numa reunião séria como
esta, Ver. João Motta. Por isto esta preocupação séria, Ver. Motta e, talvez, a
hipótese que seria a pior de todas, os recalços, os problemas técnicos se
avolumarem e a empresa não ter condições. Um bilhão colocados em risco. E isto
temos a responsabilidade de dizer, não só para o Ver. João Motta, que é
governista, que é uma pessoa séria, mas também para a população.
Então,
este assunto, representante do CREA, temos a certeza que irá continuar. Vamos
receber laudos, material do DMAE, laudos do CIENTEC, e enquanto isto não ficar
bem esclarecido, técnica e politicamente, não vamos parar.
Agradeço
a gentileza, e até me desculpo perante o representante da Empresa, mas a gente
conhecendo tem que tornar públicas as dificuldades. Agradeço a presença dele,
que veio com boa-vontade aqui, agradeço a presença de todos os nossos
convidados. E conforme as informações, os laudos, forem chegando a Casa,
certamente, teremos o aprofundamento desta questão importante.
O SR. JOÃO MOTTA: Eu gostaria que o Ver. Wilton Araújo
sintetizasse qual a sua preocupação fundamental. Se é de responsabilizar a
empresa ou o Município pelo problema na obra, é isso?
O SR. WILTON ARAÚJO: Ora, Ver. João Motta, evidente, se os
problemas, os laudos, tudo aquilo que comprovar que existem problemas sérios,
graves lá, tomara que isso não aconteça, evidentemente que alguém vai ser o
responsável pela reconstrução. Eu estou expondo as minhas dificuldades e os
meus temores para saber se não será, mais uma vez, responsabilizado o dinheiro
do nosso contribuinte. E as dificuldades que encontro tecnicamente também
quando da realização da concorrência.
O SR. PRESIDENTE: O Engenheiro Dieter Wartchow deseja fazer
uso da palavra para o encerramento da nossa Sessão.
O SR. DIETER WARTCHOW: O importante é colocar , de novo, que o
Vereador, lamentavelmente, está mal assessorado. Não eram dois CCs, era um CC e
dois funcionários concursados do quadro. Então, se inverte toda a ótica. A Drª
Alpha, depois que ela se aposentou pelos bons préstimos e pela capacidade
técnica que possui, nós a convidamos e ela, gentilmente, aceitou o convite a
assumir um cargo de CC. E, na época da licitação, ela era funcionária do
quadro, assim como o nosso advogado Saraiva. Só um esclarecimento, é importante
que saibamos esses pequenos detalhes de forma a não virmos a público trazer
incertezas, porque isso confunde muito a opinião pública. E coisas que foram
colocadas, foram publicadas na Imprensa também confunde muito a opinião
pública. Referente à Imprensa o critério do DMAE é o seguinte: qualidade,
prazo, preço. Nós estamos começando a exigir cada vez mais qualidade. E o fato
de a empreiteira, ou a construtora, não quero estar me colocando ao lado dela,
estar em regime de concordata, ou coisa parecida, não significa muito, porque
nós temos Azevedo Moura Gerto, temos empresas renomadas no País que estão na
mesma situação, em função de todo um problema conjuntural que existe. Então
isso não representa muito. Nós temos, isso sim, é que com o auxílio da Câmara,
com o auxílio da população, fiscalizar com os nosso técnicos, fiscalizar
aqueles empreendimentos que estão sendo executados, implementados. Esse é o
papel fundamental da Câmara ajudar a fiscalizar, assim como a população, assim
como os nossos engenheiros fiscais, e aí gostaríamos de ter o apoio da Câmara,
se houver algum problema, para que estejamos alertas e se consiga prevenir
antes, do que remediar um problema maior. Importante colocar também que nós
gostaríamos que os Vereadores oficializassem de maneira a não distorcer
informações, que poderiam servir como subsídio para discussão posterior que
seria levado juntamente com o CREA, oficializando a gente atende, responde,
vamos entregar aquilo que foi solicitado, pois este é o caminho de trabalho.
Isso seria para evitar distorções de informações, e para que pudéssemos
discutir, e aplicar as medidas necessárias e aplicar corretamente o dinheiro
público como estamos fazendo.
O SR. WILTON ARAÚJO (Requerimento): Eu faria um Requerimento para que dos
apanhados taquigráficos fossem tirados os elementos necessários, e enviados
oficialmente ao DMAE para que fossem respondidos.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai fazer chegar à Diretoria
Legislativa o Requerimento de V. Exª.
Agradeço
a presença de todos.
Encerramos
a presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 15h47min.)
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